quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Ano novo, vida nova .

Antecipando o post de entrada de 2012, mas está tão pertinho que já dá pra me sentir nele! E parece estar vindo tanta coisa boa, tantas mudanças, coisas novas, pessoas novas (mesmo que sejam as velhas), vejo coisas que precisavam acontecer há muito tempo e talvez não aconteceram porque simplesmente não era o tempo delas... Mas que talvez agora seja.

Porque agora estão surgindo idéias, agora algumas coisas estão mais claras, possíveis e próximas de serem alcançadas. Talvez agora eu, além de querer, esteja com vontade, com entusiasmo pra conseguir coisas que antes eu só sentia falta, só reclamava e não movia uma palha pras que acontecessem! Talvez eu esteja num momento propício.

Estou de volta pra mim, pra minha vida. Estou querendo vivê-la, até agora parece que só sonho.

Só que não dá pra se viver de sonhos, a vida passa e nada de concreto acontece. Não dá pra viver de vontades, quem muito quer e nada faz, é como se não quisesse realmente.

Então meus votos para 2012 são bem clichês! Que todos os nossos sonhos se tornem verdade! E que seja mais um ano de muitas experiências, muito aprendizado, que apareçam cada vez mais pessoas iluminadas pelo caminho... E que fluam muitas idéias e, principalmente, muitas realizações! E que não seja só mais um adiamento...

Amém.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Got to be true to myself !

Olhar pra si mesmo é uma das coisas mais difíceis que tem. E quando eu penso em como fazer isso, penso em meditar ou aquele momento antes de dormir (que é a maior enganação da vida!) ou até escrevo às vezes com esse intuito... Só que nunca acontece o insight que eu realmente preciso!

Mas hoje, numa situação totalmente inusitada para tal prática, eis que acontece! Eis que surge um espelho na minha frente! E sem ter pra onde correr. Era a hora de (me) encarar... Desde a hora do meu nascimento, passando pela minha primeira lembrança, por toda minha infância, as pessoas que fizeram parte dela, e aqueles flashes de memórias lindos e gostosos de reviver! E aí passando o tempo, ficando mais velha, progressivamente chata e problemática a vida, cada vez mais e mais e mais... Até chegar aos dezoito anos. E até chegar agora. E até encarar tudo que eu vivo hoje e o por quê e o até quando vou viver. E até encarar que eu não tenho culpa disso e muito menos algum domínio pra reverter a situação. E até me achar uma ameba, uma qualquer coisa sem propósito, sem meta, sem rumo, sem eira nem beira, mesmo sabendo que não sou tão qualquer coisa assim...

Horrível essa sensação de não saber pra onde está indo. É aquela história de 'quem não sabe pra onde vai, qualquer lugar serve'... E eu estou nesse qualquer lugar.

Mas hoje abriu uma nova porta pra mim. Hoje alguma coisa (sem nome ainda) mudou em mim. Hoje foi um dia daqueles. Hoje está sendo um dia importante! E que linda coincidência. 11/11/2011. Pode não ser nada, mas pode ser muita coisa! Pode ser o começo de algo novo e inédito e necessário na minha vida!

Libação

É do nascedouro da vida a grandeza.
É da sua natureza a fartura
a ploriferação
os cromossomiais encontros,
os brotos os processos caules,
os processos sementes
os processos troncos,
os processos flores,
são suas mais finas dores

As conseqüências cachos,
as conseqüências leite,
as conseqüências folhas
as conseqüências frutos,
são suas cores mais belas

É da substância do átomo
ser partível produtivo ativo e gerador
Tudo é no seu âmago e início,
patrício da riqueza, solstício da realeza

É da vocação da vida a beleza
e a nós cabe não diminuí-la, não roê-la
com nossos minúsculos gestos ratos
nossos fatos apinhados de pequenezas,
cabe a nós enchê-la,
cheio que é o seu princípio

Todo vazio é grávido desse benevolente risco
todo presente é guarnecido
do estado potencial de futuro

Peço ao ano-novo
aos deuses do calendário
aos orixás das transformações:
nos livrem do infértil da ninharia
nos protejam da vaidade burra
da vaidade "minha" desumana sozinha
Nos livrem da ânsia voraz
daquilo que ao nos aumentar
nos amesquinha.

A vida não tem ensaio
mas tem novas chances

Viva a burilação eterna, a possibilidade:
o esmeril dos dissabores!
Abaixo o estéril arrependimento
a duração inútil dos rancores

Um brinde ao que está sempre nas nossas mãos:
a vida inédita pela frente
e a virgindade dos dias que virão!

Elisa Lucinda

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

"Pensar é estar doente dos olhos"

"Dá-me a tua mão desconhecida, que a vida está me doendo, e não sei como falar - a realidade é delicada demais, só a realidade é delicada, minha irrealidade e minha imaginação são mais pesadas."

Que a Clarice Lispector tinha uma alma sensível, todo mundo que já a leu, sabe. E esse jeito dela ver a vida me deixa cada vez mais encantada! A cada livro, a cada trecho que eu leio, me sinto em outro patamar de compreensão! Gosto de como ela descreve o nosso universo. Gosto como ela traduz coisas que ás vezes são tão difíceis... Da sua tentativa de compreender ao mesmo tempo que quer se entregar a uma não-compreensão. Acho que, no fundo, todos queremos isso!

Eu falo falo falo e vou falar sempre sobre a leveza! E a Clarice fala muito mais! A tal leveza que, quando alcançada, desmorona. Justamente por ser insustentável... Mas por que a leveza é inconstante assim? Será que não a suportamos? Será que preferimos o peso? Quando tudo está indo bem já pensamos "quando a esmola é demais, o santo desconfia!". E desconfiamos o tempo todo quando algo está bom! Não acreditamos ser possível, então começamos a nos questionar, a colocar empecilhos, os traumas vêm, a memória não nos deixa em paz, questionamos sobre a entrega, sobre o futuro, sobre o que vamos sofrer, no que aquilo vai dar e aí já se foi a tal leveza... Aí já não podemos mais vivê-la, senti-la, porque colocamos peso sobre ela! Parafraseando algo que li hoje, talvez o peso seja senão a leveza que adoeceu gravemente.

E como esse assunto tem sido objeto de reflexão nas últimas semanas, resolvi reler um texto da Clarice que li há muito tempo, e acho que já falei tudo sobre ele! Se chama "Por não estarem distraídos". Acho que é justamente a distração que nos deixa leve... Quando o pensamento, que quer raciocinar tudo (condicionado que ele é), interfere, acaba com qualquer sentimento que possamos ter! Queremos entender tudo o tempo todo! E isso estraga uma grande parte da nossa vida...

Sentimentos não são passíveis de explicação. Podemos recorrer ao por quê de sentirmos assim ou assado e acredito que tenham algumas respostas. Mas isso não faz a menor diferença, porque não podemos mudar o que nos levou a sentir assim, assado ou não sentir. Se torna espontâneo... Intrínseco. Temos que aprender a conviver da melhor forma com o que sentimos!

O que nos resta é não ter medo da desorganização e não tentar organizar tudo! Não dar forma pro que se sente, pro que se vive... Deixas as coisas acontecerem sem a nossa bendita mania de catalogar, rotular!

"Entregar-me ao que não entendo será pôr-me à beira do nada. Será ir apenas indo, e como uma cega perdida num campo. Essa coisa sobrenatural que é viver. O viver que eu havia domesticado para torná-lo familiar. Essa coisa corajosa que será entregar-me, e que é como dar a mão à mão mal-assombrada do Deus, e entrar por essa coisa sem forma que é um paraíso."

Talvez o paraíso esteja aí, quando nos entregamos ao infinito, sem querer delimitar, dar forma.

Por não estarem distraídos

Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles.

Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque – a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras – e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração.

Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto.

No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram.

Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios.

Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.

domingo, 16 de outubro de 2011

Por um empréstimo da realidade exterior do Mundo

O que é pra ser dito? O que é pra ser falado? O que é pra ser pensado? O que vale a pena? O que vale ser sentido? O que vale ser considerado?

A palavra é uma tentativa, uma alternativa, não a solução. Não o que organiza. Ela dá margem...

E as atitudes? Me parece que as atitudes não são algo que reflete o que temos dentro. O externo está a anos luz de distância do que qualquer coisa que se passe dentro!

( Eu quero dizer agora o oposto do que eu disse antes )

E o que tem dentro? Não tem palavra, não tem gesto, não tem atitude que traduza, que externe... Impraticável! O que temos dentro é impraticável! Fica pra gente... E se alguém quiser saber, que chegue e invada e transcorra. Isso só acontece em raros casos de extremo interesse na alma alheia.

E a alma? A alma não é o que pensamos ter dentro, a alma é inatingível... A alma está lá querendo ser alcançada por nós, mas há tantos empecilhos... Tantas dores, tantos traumas, neuroses... Na filosofia oriental eles dizem que temos a paz e a felicidade dentro de nós, basta tirar toda a sujeira que nos impede de vê-las. E me parece que no Oriente que podemos encontrar o equilíbrio pra vida no Ocidente. Vida caótica, corrida, competitiva. Enfim!

Perguntas são o caminho... Percepção de nós mesmos e do ambiente a nossa volta, também. Caminho pra onde? Para qualquer coisa de paz dentro da gente. Para haver menos cobrança, menos conflitos, menos necessidades, mais aceitação (não resignação), compreensão... Do que somos, por que somos, pra que somos... Para sermos independentes e livres.

Para não precisar, para não querer, não projetar, não ansiar, não ter expectativa.

E nem quero encontrar essa paz, quero que a paz venha. Que ela surja dentro de mim. Não quero esforço, quero a espontaneidade. Quero estar consciente do meu condicionamento, do meio em que vivo, das minhas circunstâncias. E entender o por quê d'eu sentir, pensar, agir.

E talvez assim esse vazio suma. Essa necessidade da satisfação a qualquer custo. Esse sofrimento por não ter o que quer. Esse martírio de querer o tempo todo alguma coisa que não temos.

" Emancipate yourselves from mental slavery, none but ourselves can free our minds. "

Ser Real quer Dizer não Estar Dentro de Mim

Seja o que for que esteja no centro do Mundo,
Deu-me o mundo exterior por exemplo de Realidade,
E quando digo "isto é real", mesmo de um sentimento,
Vejo-o sem querer em um espaço qualquer exterior,
Vejo-o com uma visão qualquer fora e alheio a mim.

Ser real quer dizer não estar dentro de mim.
Da minha pessoa de dentro não tenho noção de realidade.
Sei que o mundo existe, mas não sei se existo.
Estou mais certo da existência da minha casa branca
Do que da existência interior do dono da casa branca.
Creio mais no meu corpo do que na minha alma,
Porque o meu corpo apresenta-se no meio da realidade.
Podendo ser visto por outros,
Podendo tocar em outros,
Podendo sentar-se e estar de pé,
Mas a minha alma só pode ser definida por termos de fora.
Existe para mim — nos momentos em que julgo que efetivamente
existe —

Por um empréstimo da realidade exterior do Mundo

Se a alma é mais real
Que o mundo exterior como tu, filósofos, dizes,
Para que é que o mundo exterior me foi dado como tipo da realidade"

Se é mais certo eu sentir
Do que existir a cousa que sinto —
Para que sinto
E para que surge essa cousa independentemente de mim
Sem precisar de mim para existir,
E eu sempre ligado a mim-próprio, sempre pessoal e intransmissível?
Para que me movo com os outros
Em um mundo em que nos entendemos e onde coincidimos
Se por acaso esse mundo é o erro e eu é que estou certo?
Se o Mundo é um erro, é um erro de toda a gente.
E cada um de nós é o erro de cada um de nós apenas.
Cousa por cousa, o Mundo é mais certo.

Mas por que me interrogo, senão porque estou doente?
Nos dias certos; nos dias exteriores da minha vida,
Nos meus dias de perfeita lucidez natural,
Sinto sem sentir que sinto,
Vejo sem saber que vejo,
E nunca o Universo é tão real como então,
Nunca o Universo está (não é perto ou longe de mim.
Mas) tão sublimemente não-meu.

Quando digo "é evidente", quero acaso dizer "só eu é que o vejo"?
Quando digo "é verdade", quero acaso dizer "é minha opinião"?
Quando digo "ali está", quero acaso dizer "não está ali"?
E se isto é assim na vida, por que será diferente na filosofia?
Vivemos antes de filosofar, existimos antes de o sabermos,
E o primeiro fato merece ao menos a precedência e o culto.

Sim, antes de sermos interior somos exterior.
Por isso somos exterior essencialmente.

Dizes, filósofo doente, filósofo enfim, que isto é materialismo.
Mas isto como pode ser materialismo, se materialismo é uma filosofia,
Se uma filosofia seria, pelo menos sendo minha, uma filosofia minha,
E isto nem sequer é meu, nem sequer sou eu?

Alberto Caeiro

sábado, 1 de outubro de 2011

Organizar a desorganização

Estava num tormento há dias, com poucas pessoas pra compartilhar, pra que a ouvissem, ou que pudessem dizer algo, mostrar um ponto de vista diferente, pontuar algo novo, enfim, tirá-la daquele rodeio de mesmas idéias. Mas 'mesmas idéias' era o que ela pensava que era, quando esquecia o quanto as idéias tinham amadurecido, o quanto havia mudado, aprendido. O quanto cada dia revelava uma parte desconhecida, ou desconstruia uma outra, como se estivesse em construção, ou fazendo uma reforma.

Só percebia toda essa mudança quando parava pra pensar em como e por quê aquilo havia começado. Em como um mês ou uma semana ou um dia e dependendo, até uma hora parecia todo o tempo do mundo! As horas viravam dias, que por sua vez se transformavam em semanas, que parecia um mês! Inversamente proporcional... Só aí percebia sua mudança, sentia as idéias borbulhando, progredindo numa velocidade luz ou regredindo, quando o que ela tinha não a sustentava e precisava reformular tudo de novo. Mas esse ir e vir de idéias e sensações diferentes é que era o barato! Uma confusão, zona geral, nada no lugar; tinha um gosto de mudança! Mas tinha hora que cansava. E sentia que precisava de uma faxina interior.

Das coisas velhas, algumas jogaria fora, outras arrumaria e colocaria no lugar. Coisas inúteis, todas pro lixo! Não tinham muitas coisas novas, senão a reoganização do que já tinha. Só que tinham coisas que ela não sabia o que fazer. Não sabia se valia a pena manter ou se livrar. Eram daquelas coisas que não se usa nunca, mas que temos a esperança de usar um dia. Tinha um quê de apego. Coisas que estavam ali há tanto tempo, que acabara se habituando com a presença. Sabia que não servia, mas não sabia se suportaria ficar sem elas. E essa parte da organização era a mais difícil.

Mas intuia que aquilo de fato não serveria, que eram só coisas que alguém deu e ela achou bonito. Percebeu que tinha se acostumado com a presença e a idéia de que poderia usar aquilo um dia. Percebeu que talvez esse dia não fosse chegar. Aceitava isso, mas não era tão simples jogar tudo fora de uma hora pra outra! Como poderia ser? É como se fizesse parte dela.

Mas queria começar a colocar em prática o desapego, queria renovar o espaço, arejá-lo e sentia que enquanto não decidisse o que fazer com as tais-coisas-de-mil-anos-atrás, não poderia deixar tudo do jeito que gostaria. E como gostaria?

Primeiro de tudo, só ter o que fosse realmente útil, aplicável. Queria ter um espaço que se aproximasse mais da realidade da sua vida naquele momento. Queria espaço pra que coisas novas pudessem entrar. Pra poder receber visitas num lugar agradável. Queria aquela sensação de paz que trás um lugar limpo, organizado e harmonioso. Queria um espaço límpido onde desse pra ver tudo com mais clareza. Queria o aconchego de onde se habita... Pra no final se sentir orgulhosa por ter conseguido deixar aquela zona do jeito que queria desde o início...

(continua... ou não)

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Avante!

Esses dias, me dirigindo à um amigo, perguntei o que seria de mim sem as palavras. Ai, as palavras... Que ao mesmo tempo que me cansam, são a minha salvação. Ao mesmo tempo que me exasperam, me aliviam. Me prendem dentro de mim, mas me expurgam.

Nada seria sem elas! Nada gritaria, nada enlouqueceria, nada mudaria, nada compreenderia, nada... E depois do surto, o alívio. E depois da morte, a vida. Como depois do dia, a noite. Como tudo que é contraditório, mas que se completa!

E que bom poder me expressar através delas! Transformar a dor em alguma coisa que valha. Porque vale a palavra! A dor palavra, a lágrima palavra, a felicidade palavra, a saudade palavra, o amor palavra. Vale transformar isso tudo que venho sentindo. Vale transpor isso tudo!

Mal tenho um surto e sou salva por elas! Palavras de uns caras incríveis, por sinal, que escreveram sobre tudo que estou passando! Sir Sigmund Freud, Montaigne, Pascal e outros. Estou em boa companhia. Esses senhores que passaram tudo pra um outro senhor, Andre Comte, que me contou um monte do que eles pensavam. E eles foram pessoas que tentaram viver bem! Tentaram nos entender e nos explicar... E por fazerem isso, me fizeram sentir compreendida. Saber que estou no meio de um furacão e que isso vai passar. E que tudo que venho passado (até escrever compulsivamente) é altamente compreensível!

Estou me sentindo Humana. Aprendendo a reagir diante de uma perda, nada mais. Sem saber lidar com isso, nada mais natural.

Entendendo um pouco mais sobre o que é a vida, eis que agora vou ter que aprender, apesar de intrínseco, porém nunca pensado, sobre o que é a morte. "Viver é perder." Pois então que vivamos e percamos! E aceitemos a vida e a morte, sobretudo!

Amém!

Alguma coisa em mim

Estou me sentindo submersa (quase afogada) no mundo das palavras. Nota-se, palavra líquida, a palavra liberta, a palavra... Muito tenho escrito, muito tenho lido e estou agora com a sensação de estar num sonho. Num mundo que não existe, além de dentro de mim. E hoje estou com medo. Hoje estou cansada.

Hoje estou cansada.

Cansada das mesmas coisas na cabeça. Das mesmas dúvidas. Mesmas questões. Mesmos conflitos eternos. Mesmas vontades. Mesmos sonhos. Mesmas palavras. Mesma coisa. Cansada do mesmo. Músicas, livros, gente, conversas, faltas, vazios, espaços, tentativas, estar aqui escrevendo. Mas é só o que me resta pra não ficar com isso tudo dentro de mim.

Cansada de me expor, cansada de não entender, cansada de querer entender, cansada de não ter gente perto, cansada dos meus assuntos, das minhas queixas, das minhas repetições.

Bla, bla, bla, bla, bla.

Cansada de não saber o que é certo, se é certo, o que que é. Cansada de como está dentro, como reflete fora, desse barulho, da cama vazia, do e-mail vazio, da palavra vazia, dos sonhos vazios, cansada dos sonhos...

Cansada de ter que. Cansada das decisões. Cansada do meu sono. Cansada de procurar. De esperar. Cansada de guardar. Cansada de viver. Cansada de mim. Pode?

Só que o mundo não para. E eu estou. Só que o mundo não me espera. E eu não ligo. Só que eu deveria ligar. Mas continuo não ligando.

Continuo aqui. Parada. Semente. Esperando.

Cansada desta merda!

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Síntese

Faço delas, minhas. Resumiu qualquer coisa que eu pudesse escrever nesse momento, e basta!

"Na linha tênue da intuição sabemos e temos noção, do que não presta e do que é bom."

E tenho dito.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

L'enfant

Depois que escrevi sobre as coisas que eu quero preservar da minha infância, fiquei pensando em como grande parte do problema dos adultos estaria resolvido ou amenizado, caso eles lembrassem dessa leveza que já tiveram um dia. Menos julgamento, menos preocupação com amanhã, se vai engordar, se machucar, ficar cansado, chorar, se sujar, menos convenção pra viver...

E aí eu vejo alguns poemas e crônicas e adultos tentando resgatar justamente esse lado mais espontâneo das pessoas, esse ver coisas incríveis em coisas simples, viver o instante-já da Clarice não é isso? Viver agora, sem amarras ao amanhã. Amanhã a gente vive o amanhã... Não ficar sofrendo por antecipação, não agir por medo do que pode vir a acontecer. Como a gente, quando vai ficando adulto, têm dificuldade pra isso! Não que não seja compreensível... Uma criança aprende a não brincar com fogo porque pode queimar! Ela sabe que se pular de um lugar muito alto pode se machucar! Ela vai aprendendo e vai tendo mais cautela... Mas enquanto criança, não deixa de brincar, porque sabe que vale o risco! Ela sabe que é mais divertido brincar de pular fogueira, de balançar mais alto, de ir em lugares que dão medo só pela emoção de ver como é! O máximo que vai acontecer é ela ver um ser estranho e correr o mais rápido que der! E depois chegar em casa morto e dormir exatamente como uma criança! Livre de preocupações, de expectativas, de ansiedade (tirando datas mega importantes, como aniversário ou primeiro dia de aula).

Estou querendo viver assim, me focar mais no que eu tenho, não viver a vida pensando no que eu não tenho. Nossa, e aquela capacidade invejável das crianças de brincar com qualquer coisa? Elas conseguem brincar com sucata (não sei hoje em dia com toda essa tecnologia, mas não creio que se perdeu essa capacidade criativa...)! Elas brincam com o que têm. E eu quero viver bem com o que eu tenho. Quero agradecer todos os dias pelo que eu tenho! Pelo meu sofrimento, pela minha alegria, pela minha lágrima e meu riso. Chorar com toda a potencialidade, rir com todas as forças! E aceitar as coisas, ou nem pensar nisso, viver as coisas!

E não, não estou querendo ser criança de novo. Sei das responsabilidades, compromissos, hora de ser sério e tudo mais de chato que é ser adulto! Porque agora nós temos uma coisa chamada conhecimento e o fardo de ter que ser alguém na vida! Ser já não basta. A selva capitalista está aí e temos que aprender a nos defender e a nos comportar! O nosso compromisso passa a ser para a prosperidade de quem não está nem aí pra gente, não para um enriquecimento que de fato nos interesse. Passamos a viver uma vida que a gente não queria. E ficamos muito sérios por causa disso. A gente fala com mais pompa, quer ser mais eloquente, quer ponderar tudo o tempo todo! Mas fica chato ao mesmo tempo! Deixa de viver coisas legais, reclama de tudo, quer explicação pra tudo o tempo todo, tem pressão alta, pressão baixa, problema cardíaco, toma remédio pra cabeça não pirar, nossa, que ninguém venha me dizer que isso é a forma certa de se viver, por favor!

Estou discursando a favor de uma vida mais leve, apesar de todo o seu peso!

Leve. [Do lat. leve] Adj. 2 g. 1. De pouco peso. 2. Que recebe ou leva pouco peso ou pressão. 3. De pouca densidade. 4. Que se movimenta com desembaraço, agilmente, à solta. 5. De forma delicada, delgada, graciosa. 6. Que mal se percebe pelos sentidos; indistinto, tênue, ligeiro, suave, delicado. 7. Pouco carregado. 8. Quase imperceptível; insignificante. 9. Sem importância; sem gravidade. 10. Aliviado, desoprimido.

Estão aí dez definições que eu quero que minha vida seja! E quando eu concordo com insignificante, não é por achar que ela não tenha importância de fato, mas superestimam a vida. Acontece que ela é fugaz! Então eu acho que não sabemos do dia de amanhã, não o temos, o que nos resta é o hoje, o agora... E me parece mais sensato viver dele do que de projeções, preocupações, medos, ilusões e expectativas.

Creio eu...

Pra não perder (ou criar) o hábito...

Poema pra ilustrar o pensamento! Maravilha fazer isso!

Vou fazendo horas - metade da vida é uma perdulária expectativa. E tonta. E ansiosa. E inútil. Como quem se sentou numa gare de caminho-de-ferro, à espera de um comboio que não se sabe quando passará e qual o seu destino. Certeza, e relativa, está apenas no local de espera. E às vezes na própria espera. Se chegamos a concretizar a viagem, o lugar aonde o comboio nos levou, desilude-nos. Isso, porém, não impede que tudo venha a repetir-se. Desperdiça-se o instante real e concreto, mas que, como areia, se nos escapa das mãos, em favor de uma ilusória vez seguinte.

Fernando Namora

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Back to the old times

Eu fico pensando às vezes em como eu sinto as coisas que me acontecem, no meu jeito romântico de ver a vida, nas expectativas, reações, quereres, projeções, idealizações... E me pego querendo ver tudo diferente do que eu vejo. Como se o que eu tivesse não servisse, como se eu tivesse que ser diferente do que eu sou. Ser menos eu, ou ser outro eu... Mas fazendo uma recapitulação em toda a minha vida (leia-se: desde que me entendo por gente. leia-se: 6 anos de idade aproximadamente), percebi que ainda tenho características da minha infância... E que não sei se quero perder, se preciso perder.

Sempre fui chorona, a flor da pele, sempre escrevi cartas de amor, sempre quis estar apaixonada, sempre preferi ficar sozinha do que com alguém que não me entendesse, sempre precisei de reciprocidade sem nem saber o que era isso. E achava lindo quando acontecia porque quase nunca acontecia... E a pessoa se tornava a mais linda de todas sem nem poder imaginar o quanto eu gostava dela ou o por quê. As vezes eu tinha a sensação que por mais recíproco que fosse, a pessoa não entendia a minha euforia de ter a encontrado! Era com quem eu poderia falar sem me preocupar em como aquilo ia repercutir porque era tudo discutido ou compreendido ou entendido, não interessava o por quê na verdade, o legal era a espontaneidade.

Falava sozinha, brincava sozinha, criava um mundo que coubessem as minhas ideias. Sempre tive a sensação de que as coisas que eu penso e sinto são tão bonitas por dentro e quando tentava falar isso, lá se ia toda aquela beleza... Não saia nada como o planejado... Então sempre escrevi! Sempre achei o universo das palavras escritas mais bonito do que o falado. Sempre pensei muito em como as coisas poderiam ser e não eram e nunca entendi o por quê.

Só falava com quem eu queria, uma certa arrogância, mas que pra mim não era nada mais do que um critério. Não ia falar com quem eu achava falso, ou tinha brincadeiras que me irritavam, ou que brincavam comigo num dia e no outro passavam por mim sem falar! Preservava minhas amizades como quem preserva um tesouro, e fui possessiva por isso. Não conseguia misturar amigos porque achava uma confusão! Com cada um eu brincava de uma coisa diferente, de um jeito diferente, e quando estavam todos juntos, eu nunca sabia o que fazer! Sempre precisei de atenção...

E pensar nisso tudo é muito gostoso! A criança em mim ainda está aqui. E as crianças são os seres mais deliciosos do universo! Porque eles ainda não julgam, eles só sentem. Eles falam, agem, são o que são e não têm crises com isso!

Cansei de querer ser diferente do que eu sou, de ficar relutando ao que eu quero querer! Quero que essa crise de identidade, esse medo, insegurança passem logo! Por mais que possa ser incompreendida, chata por vezes, ora sentimental demais, muito poética; se isso cansa alguém, o problema não pode ser meu, mas eu sei também que não é da pessoa. É questão de ter afinidade e compatibilidade. É aquela história de cuidar do seu jardim para que apareçam as borboletas, por mais clichê que seja. Inclusive, eu ando muito clichê ultimamente. E sabe mais o que? Não estou mais vendo problema nisso! Quero ser clichê, piegas, romântica, enjoada, chata, sem noção quando der vontade! Também quero não ser nada disso quando der vontade! Que pressão externa é essa que não me deixa ser, que saco!

Espero que não sejam palavras em vão, outra coisa que detesto desde todo o sempre! Qualquer coisa em vão, acho que aprendi com a minha mãe de tanto que ela falava "não usa o nome de Deus em vão!". Só que eu levei isso pra tudo... Não tem que fazer nada em vão! Mas acho que nesse caso não é, se fosse, por que estaria saindo assim tão verdadeiro?

E pra finalizar, uma música que me traduza! Vai dizer que não dá um alívio ver que tem gente como a gente? Ô se dá!

"Ninguém pode calar dentro em mim
Essa chama que não vai passar
É mais forte que eu
E não quero dela me afastar
Eu não posso explicar como foi
E como ela veio
E só digo o que penso
Só faço o que gosto
E aquilo que creio
Se alguém não quiser entender
E falar, pois que fale
Eu não vou me importar com a maldade de quem nada sabe
E se alguém interessa saber
Sou bem feliz assim
Muito mais do que quem já falou ou vai falar de mim"

domingo, 25 de setembro de 2011

Ser compreendida por Schopenhauer

O Perigo da Leitura Excessiva

Quando lemos, outra pessoa pensa por nós: repetimos apenas o seu processo mental. Ocorre algo semelhante quando o estudante que está a aprender a escrever refaz com a pena as linhas traçadas a lápis pelo professor. Sendo assim, na leitura, o trabalho de pensar é-nos subtraído em grande parte. Isso explica o sensível alívio que experimentamos quando deixamos de nos ocupar com os nossos pensamentos para passar à leitura. Porém, enquanto lemos, a nossa cabeça, na realidade, não passa de uma arena dos pensamentos alheios. E quando estes se vão, o que resta? Essa é a razão pela qual quem lê muito e durante quase o dia inteiro, mas repousa nos intervalos, passando o tempo sem pensar, pouco a pouco perde a capacidade de pensar por si mesmo - como alguém que sempre cavalga e acaba por desaprender a caminhar. Tal é a situação de muitos eruditos: à força de ler, estupidificaram-se. Pois ler constantemente, retomando a leitura a cada instante livre, paralisa o espírito mais do que o trabalho manual contínuo, visto que, na execução deste último, é possível entregar-se aos seus próprios pensamentos.

No entanto, como uma mola que, pela pressão constante acarretada por meio de um corpo estranho, acaba por perder a sua elasticidade, também o espírito perde a sua devido à imposição contínua de pensamentos alheios. E, do mesmo modo como uma alimentação excessiva causa indigestão e, consequentemente, prejudica o corpo inteiro, pode-se também sobrecarregar e sufocar o espírito com uma alimentação mental excessiva.

Pois, quanto mais se lê, menos vestígios deixa no espírito aquilo que se leu: a mente transforma-se em algo semelhante a uma lousa, à qual encontram-se escritas muitas palavras, umas sobre as outras. Por isso, não se chega à ruminação (ou melhor, o afluxo intenso e contínuo do conteúdo de novas leituras serve apenas para acelerar o esquecimento do que se leu anteriormente): entretanto, apenas esta permite assimilar o que foi lido, do mesmo modo como os alimentos nos nutrem não porque os comemos, mas porque os digerimos. Se, ao contrário, lê-se continuadamente, sem mais tarde pensar a respeito do que se leu, o conteúdo da leitura não cria raízes e, na maioria das vezes, perde-se. Em geral, o processamento da alimentação mental não difere daquele da alimentação corporal: apenas a cinquentésima parte do que se consome chega a ser assimilada; o restante é eliminado por meio da evaporação, da respiração ou similares.

A tudo isso soma-se o facto de que os pensamentos transportados para o papel não são nada além de uma pegada na areia: pode-se até ver o caminho percorrido; no entanto, para saber o que tal pessoa viu ao caminhar, é preciso usar os próprios olhos.

Dear prudence...

Estou passando por uma fase que tenho lido muito. Coisas que pudessem me esclarecer, esclarecer qualquer coisa de confuso dentro de mim, de vago, de desorientado, vazio, perdido, indefinido. E isso me faz muito bem! Li coisas incríveis! Coisas que eu não cogitava que alguém tivesse experimentado e vivenciado exatamente como eu! Cada vírgula, cada ponto, cada reticência, toda a descrição completa e perfeita de como eu sou, como eu vejo, como eu vivo, até de situações e circunstâncias! Eu não podia crer, mas até diálogos semelhantes...

Caio Fernando de Abreu, Clarice Lispector, Alice Ruiz, Fabrício Carpinejar, Cecília Meirelles, Fernando Pessoa, até Freud e Jung e um filósofo belíssimo chamado Andre Comte Sponville, fora os cantores. Tiveram fragmentos de muitos outros que não vem ao caso, a lista ficaria imensa. Mas estão muito bem guardados!

Todos eles contribuiram para que eu não me sentisse sozinha, nem desorientada, como eu pensava que estava. Eles acalmaram uma grande ansiedade, uma enorme frustração, a minha incapacidade de lidar sozinha com os meus problemas. E sabe o que eu descobri? É que de fato não tem como fazer isso sozinho... Então o que faltou de amigos que eu pudesse dialogar, sobrou poesia pro meu pesar.

Mas o que acontece? Em mim agora têm um milhão de pensamentos, muitos assimilados, mas muitos soltos ainda. E ler está começando a me gerar um conflito, porque parece que ao mesmo tempo que eu me vejo naquilo e penso "é isso! é isso!", eu estou vendo que continua uma grande desorganização aqui. Estou começando a sentir uma necessidade de parar e pensar, meditar mesmo. Mas o que eu faço? Escrevo. Que dificuldade de parar! Refletir, respirar, fechar os olhos, meditar, acalmar.

A leitura tem servido como alguma coisa que deixam meus pensamentos mais frenéticos. E não que eu ache isso ruim, ler é um estímulo pro raciocínio. Mas o que me incomoda é essa dificuldade de parar um pouco e me perguntar sobre o que eu tenho aprendido, o que eu estou achando, o que eu estou pensando agora nesse momento. Eu, não os autores que citei ali em cima! Por mais que eu tenha a sensação de que eles pensam por mim, quero saber o que se passa aqui dentro agora.

Hoje não sou a que eu era ontem, nem semana passada, muito menos duas ou três semanas atrás! As semanas vão passando e eu vou observando o quanto eu estou mudando diante de uma perda. Mas preciso saber o que eu quero e o que eu não quero. O que eu penso e o que eu não penso. O que serve pra mim e o que não serve. Fazer uma faxina geral dentro de mim. Ou uma espécie de reciclagem... Acho que está mais pra isso! Reciclar pensamentos e sentimentos... Eu já escrevi sobre isso aqui, as vezes tudo fica calmo, os conceitos servem pra alguns momentos, mas é só pro momento... E cada momento exige uma postura diferente. Eu não posso ser a mesma sempre! E isso é uma fase. Quando tudo ficar calmo de novo, os conceitos que eu estou reformulando vão servir, mas só enquanto a vida não me exigir que eu reformule tudo de novo! Ah! vou ter que citar uma frase que diz exatamente isso!

"Mesmo que as partidas doessem, e que a cada dia fosse necessário adotar uma nova maneira de agir e de pensar, descobrindo-a inútil no dia seguinte - mesmo assim era bom viver." Caio Fernando de Abreu

Ou seja, esses autores pegam tudo que eu penso e transformam numa coisa linda de morrer! Sensíveis até a alma!

Mas agora tem que ser as Júlia's pensando, se entendendo e se organizando, se conhecendo, dialogando entre si, argumentando... Porque ela's têm muito a dizer! Mas eu não estou deixando isso acontecer! Só estou me deixando levar pelo lado impulsivo, irracional, que na verdade é o lado mais forte em mim, sem-pre! Não sou dessas que se recriminam, que fingem que não sentem, que não tem vontades, que não expressam essas vontades. Nunca fui disso... Mas talvez (!) o momento esteja me pedindo uma atitude que vá contra isso, e aí é questão de ir contra mim mesma? Talvez (!) não, já que tem tantas dentro de mim. Vai ser questão de dar voz pra outra dentro de mim! Porque a impulsiva é uma desvairada! E apesar de gostar muito dela; acho ela linda e espontânea e a flor da pele, sincera e visceral e sensível; apesar disso ela me faz ser imprudente às vezes...E aí entra um pensamento do Carpinejar: "toda escolha depende da capacidade de suportar perdas...".

Eu vou ter que aprender a lidar com toda essa impulsividade, mesmo sentindo que é o que me move. Chegar num concenso, descobrir o que eu quero! Até se eu quero realmente ser impulsiva ou não. Se é realmente a minha natureza ou pode ser controlado e de fato revisto.

Ser prudente até poder mandar essa prudência toda ir brincar... E ficar livre de novo dessas dúvidas mártires! Livre pra ser...

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Exprimir o inexprimível

As vezes eu fico pensando o que seria do mundo sem as palavras ditas. Sem os sentimentos expressos, sem idéias, descobertas, dúvidas, medos, ressentimentos, confusões internas compartilhadas. Sem estórias, vidas, casos e acasos escritos... Não teríamos um Woody Allen da vida, nem Clarice Lispector, Edith Piaf, Beethoven, Mário Quintana, Vinícius de Moraes, Chico Buarque e outros tantos que fazem nós vermos e sentirmos a vida com toda a sua potencialidade, com toda a sua delicadeza, suas nuances, seus altos e baixos, suas confusões internas e externas, as dificuldades de se relacionar, o quão pode ser tão lindo e tão doloroso e misterioso viver!

Fico pensando se passasse por eles a ideia de que compartilhar não vale a pena, o quanto o mundo estaria perdendo... Porque acima de tudo, eles nos fazem sentir mais humanos, menos sozinhos, quase como um conforto por saber que não é só você que se sente daquela forma, que pensa daquele jeito, que vive coisas inusitadas, e que sente! Pessoas que compartilham nos fazem ver acima de tudo o que temos dentro e que parece ser tão único, tão particular e quando na verdade é mais comum do que possamos imaginar!

Tem pessoas que têm o dom de conseguir expressar esse quase inatingível, intraduzível, inefável que carregamos dentro da gente. E é só através da tentativa, e ainda que seja dolorido fazer isso, que eles conseguem nos fazer ver o quão universal nós somos! Porque antes de tudo, exprimir toda essa dimensão que carregamos e vivemos não me parece uma tarefa fácil!

"Realidade é coisa delicada de se pegar com os dedos"

Tentar dar corpo à essa subjetividade, à essa imaterialidade, como poderia ser fácil? Precisa estar em contato com o que você tem de mais íntimo e que nem sempre é o lugar mais bonito e agradável para vasculhar. Carregamos coisas que não queremos admitir, encarar. Mas acho que pessoas que conseguem ir lá e revirar tudo, perdem a couraça. Olham aquele buraco negro e se jogam e têm a curiosidade de saber o que as esperam, algo que as revele, que as torne justamente mais humanas por encararem o que têm de mais estranho ou de mais bonito. Me parece que elas perdem o medo de se expor, de encararem suas limitações. E são belas por isso... Porque o que temos dentro é o que reflete fora. E se não se reflete, o que nos tornamos? Ocultos para nós mesmos, para o mundo?

"Isso de querer ser exatamente aquilo que a gente é ainda vai nos levar além."

Por isso que não posso me envergonhar de nenhuma palavra dita, nem de nenhuma atitude espontânea! Porque neste momento eu posso ser! Neste momento eu posso ser alguém no mundo porque estou me colocando nele! Estou me abrindo pra ele e dando o que eu tenho de mais único, de mais bonito, ou de mais feio, mas que sou eu! Eu no mundo... Eu faço parte dele! Eu o toco! Viver, pra mim, sem isso não me caberia!

Por isso eu falo, choro, canto, ajo, me doo, pra ver se consigo estar em contato com tudo que existe! A partir desse momento, as coisas não mais existem só em mim...

"Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato... Ou toca, ou não toca."

Pra mim, viver é isso.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Escrever liberta!

Das coisas que escrevo aqui, minha última intenção é ter razão em alguma coisa. São tentativas de organizar os pensamentos. Tive um blog uma vez que se chamava 'pensamento organizado', bem pertinente porque a intenção de escrever aqui sempre foi essa!

Relendo o que eu registrei aqui nos últimos dias, li coisas super sem noção e li coisas super coerentes! Acho que já dei vasão pra muita coisa, consegui organizar muita coisa numa velocidade luz (graças!) e agora acho que vou tentar me aquietar, silenciar, meditar sobre tudo isso, deixar fluir de outra forma. Já não tenho mais palavras, elas já me ajudaram o suficiente! Já disseram o que eu precisava escrever e ler... E lá vou eu reformular e aprender e experienciar coisas novas! Ces't la vie!

Mas se eu posso concluir (temporariamente) alguma coisa é que viver de olhos abertos, atento, encarar as coisas de frente, é maravilhoso! E mais uma coisa? E olha que ironia novamente, tem que viver as coisas mesmo na sua intensidade porque não sabemos o dia de amanhã e experimentar é bom demais! Já dizia Vinicius de Moraes:

"Quem já passou por essa vida e não viveu
Pode ser mais, mas sabe menos do que eu
Porque a vida só se dá pra quem se deu
Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu
Ah, quem nunca curtiu uma paixão nunca vai ter nada, não
Nao há mal pior do que a descrença"

That's it!

Viver a vida em todas as suas dimensões

Tem algum (bom) tempo eu descobri que viver sem expectativa e seguindo o fluxo dos acontecimentos é uma maneira de se viver sem ansiedade, frustração, ilusões, e uma forma de ter mais harmonia com as coisas à sua volta. E que é fundamental pra não acharmos que podemos controlar tudo, pra não projetarmos nada, pra entendermos o quanto tudo está no seu lugar, acontecendo na sua hora.

Essa harmonia que dá um certo equilíbrio nas coisas que acontecem. Você entender que as coisas têm um fluxo e isso independe de você, te faz encarar as coisas boas e ruins com um certo desapego, porque você entende que aquilo é algo passageiro, aquilo faz parte de um momento. Como o nome mesmo diz, é um fluxo. Um eterno ir e vir, que é cíclico.

Acontece que só é um fluxo quando não há retenção. Tem que deixar passar sem reprimir o que está havendo, nem nenhum sentimento; sem simplesmente evitar que aquilo existe, porque só vai causar um bloqueio. E você bloquear alguma coisa é maquiar aquilo, uma hora ela sai! Então encarar as coisas como elas são me parece ser mais sábio e maduro porque você admite a dualidade que existe nos sentimentos e acontecimentos! Isso não é uma coisa simples porque não somos educados para isso. Somos educados para não querer nada de ruim e querer tudo de bom! O que é ruim não presta, joga fora! Queira só o que te faz bem! Não é bem assim... O ruim existe também! Tem que aprender a encará-lo...

Encarar a vida desse jeito é uma forma de estar em contato com a sua espiritualidade e das coisas à sua volta. É como se tudo fosse integrado, interligado, fosse parte de um todo.

Quem reforçou essa idéia em mim foi um filósofo oriental chamado Osho, que volta e meia está presente na minha vida (geralmente quando eu esqueço disso tudo, já tropecei e levei o tombo) trazendo de volta o entendimento e calma necessários para encarar conflitos internos e externos. Ele fala da vida: "a pessoa tem que vivê-la em todas as dimensões". E quando se incorpora essa idéia, o sofrimento passa a fazer parte da ordem natural das coisas; as coisas ruins têm o seu sentido, te fazem encarar a dor e quando se encara a dor, se sai mais forte! Potencializa uma energia que, antes, estava apagada, acomodada. Passar por essas situações te fazem sentir mais vivo, te faz ver o quanto você é capaz e não sabe! E também pra te fazer reavaliar sobre tudo, até o por quê do sofrimento.

Nas atuais circunstâncias, eu estou saindo de um relacionamento que eu estava super envolvida. E depois de um fim de semana muito turbulento, e as coisas ainda não estão calmas; apesar do último post ter sido bem mais tranquilo, é como se eu estivesse oscilando entre ele e o penúltimo, os dois pólos estão dentro de mim indo e vindo sem eu tentar controlar nenhum dos dois porque é uma tarefa impossível.

Eu pontuei algumas razões pra estar 'ferida aberta' do jeito que eu estou. Me deixei ir muito fundo, ou melhor dizendo, fiquei nas nuvens, como se eu estivesse realizando um sonho e eu queria ficar naquele sonho, é lógico... Falei de sensações momentâneas, em sentir as coisas com menos intensidade, não me iludir, enfim. E depois de ter tentado pontuar tudo que eu estava sentindo, hoje me aparece um texto maravilhoso do Osho falando sobre o romance que tem esse caráter passageiro.

E uma coisa que sempre me impressiona muito quando o Osho volta à minha vida é essa similaridade de idéias, ele parece tirar coisas da minha cabeça, então é uma conexão muito forte, ele pega o que eu penso e dá ordem pra aquilo tudo! Como se fosse o que estivesse faltando pra me fazer entender as coisas, ele sempre me faz voltar pro equilíbrio. Acho que vale algumas dezenas de sessão de terapia!

domingo, 4 de setembro de 2011

Fuck you, TPM

Posso dizer? TPM causa... TPM não é desculpinha! TPM é uma senhora desorganizadora de paz interior, equilíbrio ou qualquer controle que você possa ter dentro de você! Não é uma coisinha à toa que te faz chorar por qualquer comercial bonitinho na tv, não... Ela faz surgir o seu lado doida com todas as forças! E detalhe: sua vida pode estar perfeita e a TPM vai fazer ela ficar muito estranha, com toda certeza do mundo! Porque além de dramatizar, ela pontecializa qualquer sentimento, seja bom ou ruim!

Agora me diz... Uma semana com a presença da ilustre com mais algumas coisas nada agradáveis (e são fatos, não coisas traiçoeiras da dona TPM) acontecendo, me explica como fica a cidadã! Na merda profunda, lógico! Na choradeira e na dor, nossa, é tanto drama que chega dói! Aí saem posts que nem o último. E o lance é: eu senti aquilo tudo mesmo! Aquilo foi real, acredite se quiser! Parecia o fim do mundo, parecia que nada tinha sentido e hoje, quando a tal da TPM resolveu me deixar em paz, mudança drástica no quesito 'encarar que você está solteira de novo quemerda'!

Mas olha, que mudança... Do tipo, cair na real e ver que não tem o menor sentido ficar remoendo alguma coisa que simplesmente (simples assim mesmo) acabou! A-c-a-b-o-u. E sabe, pensei assim "não adianta chorar sobre leite derramado, pega um pano e seca essa porra de leite antes que azede!" e comecei a rir! Porque tem que rir, vamos combinar! Ficar sofrendo, se descabelando por uma coisa que já passou e não tem volta? Ah, é demais pra minha cabeça!

Mas é aquilo, graças aos astros e ao universo e ao caos que é essa zona toda, a minha ... ... como posso dizer? A TPM não é minha melhor amiga, vamos convir, mas a minha companheira mensal me deixou no dia certo, no dia exato! E eu pude rir de tudo isso, deixar passar. Como eu disse, passar o pano no leite derramado! Lógico que rolou uma super bronca do meu lado equilibrado, que me fez entender o quanto eu estava sendo ridícula e desnecessária... E depois as risadas para me deixar leve e me fazer perceber que na verdade, é como minha vó diz... O mundo é muito grande pra gente ficar sofrendo por qualquer coisa. Eu tenho tanto pra conhecer, tanto pra explorar... E de onde surgiu a idéia de que tem que acontecer isso tudo com uma pessoa só?! Fucking TPM!

E é isso. Uma tonelada mais leve, conseguindo rir sem forçar um sorriso e até consegui ver que fez um final de tarde bonito!

Agora vai ser aquilo, dezenas de filmes de comédia por favor! Algumas barras de chocolate só pra garantir e nada de drama, nada de filme de amor-isso, amor-aquilo, casamento dos seus sonhos, o homem que voce quer encontrar na sua vida, ai amor amor amor! Chega desta merda! Me deixa em paz... Não quero nada que me remeta sentimentos assim, só pra garantir também. Vai que a coisa está toda controlada aqui, calminha, bonitinha e um roteirista filho da mãe faz desencadear tudo, vou odiar ele pra sempre! Então pra não correr o risco vou ficar com comédia sem amor, nem casamento, namorado, nem nada disso, inclusive, por que a maioria das comédias são românticas? Ai... Penso nisso outro dia, por hoje acho que está bom o desabafo!

Amém.

sábado, 3 de setembro de 2011

Desperdício de energia

Não sei o que é melhor, se entregar e viver as coisas intensamente, ver viver estar fazer tocar experimentar tudo de lindo, pra depois sentir um vazio por ter visto como é e não ter mais... Do que adianta? Pra que serve? Só pra ver que existe? E aquilo que parecia ser algo que pudesse ser muito mais, na verdade não passou de sensações momentâneas... Queria sentir as coisas com menos intensidade, tanto as boas quanto as ruins. talvez não me fizesse iludir e projetar, e depois não me faria sofrer e ter vontade de sei lá, sumir de dentro de mim até isso passar.

Uma ironia, mas certa vez me disseram que o bom é viver tudo que dá pra viver intensamente porque não sabemos o dia de amanhã... Mas se tudo pode não passar de papo toque olhar risada afinidades e amanhã não ser mais nada, pra que se entregar pra isso? Quando acaba, perde o sentido... Não sei se estou pensando assim porque estou mega magoada, mas de verdade que preferia não ter ido fundo pra chegar no fundo sozinha...

Ontem recorri à poemas lindos, músicas que me fizessem esclarecer a confusão que está acontecendo dentro de mim... Quintana, fofo até a alma, reforçando viver cada dia como único, deixando as coisas perdidas e passadas em seu devido lugar, vendo a novidade que acontece todo dia... Gullar com seu jeito majestoso de escrever, falando que se pudemos experimentar uma sensação boa, se fomos feliz até o topo, devemos aceitar a queda, experimentar o oposto porque ambos existem e tudo é efêmero. Fernando pessoa, que tinha tantos dentro dele e conseguiu sentir e escrever sobre coisas tão diversas, falando sobre as coisas que existem independentes do que possamos controlar, e é justamente isso que está me matando, enfim! E Chico Buarque, no final do meu dia, fazendo todas as perguntas sem respostas que por mais que a gente pense e analise e tente achar uma razão, um motivo, uma ordem, simplesmente vamos ter pontos de interrogação no final...

"ó menina vai ver nesse almanaque
como é que isso tudo começou
diz quem é que marcava o tic-tac
e a ampulheta do tempo disparou
...
me diz, me responde por favor
pra onde vai o meu amor
quando o amor acaba
...
quem tava no volante do planeta
que o meu continente capotou
...
vê se tem no almanaque, essa menina
como é que termina um grande amor
se adianta tomar aspirina
ou se bate na quina aquela dor
se é chover o ano inteiro chuva fina
ou se é como cair do elevador
me responde por favor
pra que tudo começou
quando tudo acaba"

Lidar com sentimentos é uma das coisas mais difíceis... Porque são incontroláveis, como uma querida falou, não dá pra tocá-los... Não dá pra mudá-los, a gente sente e é espontâneo, o que tem pra se fazer, a não ser sentir? Mas quando dói é como estivesse alguma coisa morrendo dentro de você, como se algo estivesse perdido, sem saber pra onde ir, onde ficar. E o coração parece que fica pequeno, apertado, espremido, dolorido de tanto aperto... E aí tem as lágrimas pesadas, grossas, expulsando de dentro todo esse sufoco, dando vasão a um turbilhão de pensamentos confusos e desconexos. E não param, são involuntárias, é dor derretida, já dizia Mosé... A cada pensamento, a cada lembrança elas vêm carregadas de tristeza, de falsas esperanças, me dizendo que eu não devia ter vivido isso tudo só porque foi bom e me mostrou tantas coisas pra no fim das contas, acabar assim. Mas como eu ia saber, também? Só acho que deveria ser mais cautelosa, não ter me deixado envolver tanto, enfim.

Sei que quando passar, vão ficar só as coisas que eu aprendi, a experiência, que com certeza vai servir para futuras experiências, mas até lá eu fico aqui querendo excluir tudo que eu vivi, porque não quero lembrar de como era bom, de como pôde acabar sem previnir, sem preparar, sem permissão. As coisas não tem pé nem cabeça são imprevisíveis caóticas não têm lógica nem nexo, "as coisas não tem paz".

As vezes é difícil aceitar as coisas como elas se apresentam, como elas se encaminham, quando elas parecem ser uma coisa e não são. Aí fica um nada... Um vazio, uma sensação estranha de estar deslocada, sem saber o que fazer, pra onde ir, o que pensar... E aí penso no que poderia ter sido e não foi por um motivo qualquer, por alguma coisa que eu ainda não consegui entender, por alguma coisa que eu não tenho sequer a possibilidade de mudar, me consome! Uma coisa que aparentemente estava bem, que eu adorava e que acabou e ficou um espaço... Maior do que eu estava esperando!

Dias estranhos vêm aí... Espero sair mais forte, madura. E menos aberta pras coisas que me aparecem e eu não dou o tempo necessário pra ver se é aquilo mesmo, vou me doando, vou me abrindo, vou pisando sem ver a altura que pode vir ser a queda, não quero mais ficar nas alturas. Porque estar nas nuvens é isso, não passa de ilusão... Espero entender que ter os pés no chão é que é o certo. Porque eu também queria ter ficado sem sentir nada, muito racional e sem nenhum sentimento... Como se nada tivesse acontecido! Conseguir passar por cima das coisas com muita facilidade, espero aprender isso. Viver as coisas sem me entregar, sem nenhum apego, ha quanto tempo falo isso? Desapego... Ter a distância necessária pra não ficar #$%&*@! assim!

E chega!

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Papo de gente neurótica (ou 'Xô insegurança')

Quando falamos que algo é bonito, legal, gostoso, agradável e mais inúmeros adjetivos que podemos usar pra qualificar e definir as coisas, sentimentos e sensações, só o fazemos porque tem o lado oposto. Não ia ter o bom se não houvesse o mau... E de alguma forma estamos sempre comparando, sempre tem um ponto de referência que te faz definir o que cada coisa é. Inclusive, que mania de dar nome à tudo, o tempo todo! Mas isso é outro assunto, continuando...

Além das coisas, sentimentos e sensações, comparamos também, com frequência, nós mesmos... com os outros. Mas se tratando de universos tão diferentes, com tantas particularidades e subjetividades, experiências e vivências únicas, acho mais difícil achar uma lógica pra esse raciocínio. Mas quantas coisas são sem lógica e existem ainda assim... Enfim.

E isso parte de uma negação de si mesmo, de seus defeitos, limitações; em ver no outro algo que gostaríamos de ser e não somos. Mas por que ao invés de termos essa postura de achar que não somos bons porque o outro é melhor (não que seja, ele é diferente, simples assim), não procuramos identificar as nossas falhas, realçar as nossas qualidades, não achar que temos que seguir um padrão, e criar a nossa identidade? Por que a admiração, as vezes, se transforma em cobrança e uma meta a ser atingida? Essa ambição pode ser algo natural... Ambição me parece bem natural, bem universal. Acho que nesse caso, seria de ser uma pessoa melhor... Mas dentro de quais parâmetros e de quem? Tem uma frase que diz:

"Um dia você aprende que não deve se comparar com os outros, mas com o melhor que se pode ser."

Ser uma pessoa melhor dentro das suas possibilidades, não pelo que se vê no outro. Entender o quão único nós somos, apesar de tantas coisas em comum. Acho que não tem uma melhor ou pior maneira de ser, só diferentes formas de se expressar, de se comunicar, enfim. Aceitar essa diferença pode ser a chave pra ter uma melhor relação consigo mesmo. (Isso soou super auto-ajuda, mas tem que ter uma forma de acabar com essa sensação de inferioridade, não é?)

"Deixou de querer ser outro que não ele próprio e apenas desejou ser melhor do que fora até ali."
Tolstói

E é isso, a insegurança é a maior agressão à individualidade, personalidade, integridade... E eu o-d-e-i-o me sentir assim! Mas será que isso é da natureza (complexa) do ser humano? Ai, doeu pensar nisso. Pode pensar depois, por favor, obrigada?





(Continua...)

(... ou não)
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sexta-feira, 17 de junho de 2011

Ser ou não ser?

Ser realista me faz mal. Quando paro e analiso as coisas ao meu redor, como as coisas funcionam (digo, pessoas se relacionando, tudo de político, tudo de manipulação; tudo de vazio de sentido, propósito; segundas, terceiras, quartas intenções; a palavra que não quer dizer a palavra; o que há por trás de tudo, o tempo todo), tenho a opção por qual ângulo analisar. Como diz um querido meu, eu sou muito Poliana. E mesmo sem a conhecer, me identifico bastante por escolher o lado bom sem-pre!

Não consigo conceber a idéia (ou fato, melhor dizendo) de viver num mundo com tanta coisa deturpada o tempo todo. Não queria fazer parte disso, as vezes penso que meu mundo é outro.

Só que isso acaba influenciando a forma como eu me relaciono com esse externo (anos-luz de distância) diferente do meu. De que forma? Sendo ingênua.

Pensar nessa idéia me faz sentir idiota. E idiota significa algo do tipo só olhar numa direção, só pelo próprio ponto de vista. E isso, eu faço direto! Isso quer dizer que não percebo muita coisa (ruim?) a minha volta.

Só que estar alheia às coisas dessa forma, as vezes me faz sentir estúpida, alienada, uma ignorante que não enxerga um palmo a sua frente. Queria descondicionar esse meu jeito Poliana de viver... Só pra não ser tão espontânea, ser mais esperta, mais sagaz, perceber que o coleguinha quando está de muito lero-lero, quer alguma coisa; ver que o menino andando atrás de mim na rua pode estar querendo me roubar; ver que as pessoas mostram ser o que não são um monte de vezes; parar de de tentar resgatar o que o outro tem de melhor, mesmo não aparentando ser tão bom assim; conseguir não gostar de algo por completo; enxergar falsidade, malícia.

E não ressaltar mais que o copo está meio cheio... Ele está na metade, ponto. Aí vou descobrir se o meu modo de ver as coisas é infantil (que inveja das crianças, que têm autoridade pra isso); lúdico demais (tem que ter o pé no chão!); idiota ("não acredito que você falou o que tinha vontade e não percebeu que, pela sua espontaneidade, estava parecendo fácil?").

Mas sabe? Esse é meu jeito de consertar o mundo, só que não tem conserto.. É o que é, o que sempre foi e o que sempre será. E já que é o que a gente tem, salve-se quem puder nessa selvageria louca! Reza pra Deus, respira fundo, diazepam, seja otimista, meditação, qualquer socorro (qual o seu analgésico?) e bola pra frente!

domingo, 29 de maio de 2011

Ando com vontade de escrever sobre muitas coisas ultimamente quando bate essa vontade de me expressar através de palavras. Mas hoje vou falar sobre relações monogâmicas e poligâmicas.

Antes de tudo quero ressaltar que não tenho nenhum pensamento conservador e nem acho que meu discurso tenha um caráter influenciado por essa imposição cristã que vivemos submetidos. Acho ambos ultrapassados. E nem acho que seja uma posição imutável, como nada o é.

"Hoje eu quero ser planta, amanhã raiz..."

Li uma crônica da Martha Medeiros esses dias que falava sobre poliamor, depois de ter conversado com um conhecido a respeito disso. E na visão dele, a monogamia tem base no cristianismo, e somos condicionados a crer que esse é o tipo de relação ideal. A Martha, por sua vez, diz que não somos passíveis de estarmos satisfeitos com uma pessoa somente, porque cada um na nossa vida nos trás sensações, experiências, reações, aflora coisas diferentes. Nesse ponto eu concordo, inclusive.

"Eu existo aqui com você, nesta tensão entre nós. Se fosse outra pessoa eu seria outra também. Estou sendo essa porque você me provoca". Viviane Mosé

Enfim, uma vez vivi dois casos simultaneamente. Mas foi a quesito de curiosidade, pela novidade que as duas relações estavam sendo. Só que ambas não eram estáveis, eram pré estabelecidamente efêmeras. O que não significa que eram de menor importância por tudo que eu aprendi e por se tratar de pessoas especiais. Mas como eu disse, era rumo a lugar nenhum e isso era explicitado. Cada um me preenchia de forma particular, de fato. Mas nunca foi a completude de todos os sentidos e possibilidades de todas as sensações e o aparecimento de todos os meus "eus", a minha busca num relacionamento. Sempre se tratou de conhecer a pessoa o máximo que dava, trocar tudo que podia, viver aquele momento como único. Acho que sempre quis a pessoa como única e especial. Pode ser romantismo, mas ai de mim que sou...

Desde que terminei meu namoro, nas novas relações, tentei viver o máximo que dava. E se não deu certo não foi porque me enjoou ou porque eu precisava buscar outras coisas diferentes, simplesmente as pessoas com quem me relacionei não estavam dispostas àquilo.

Mas essa coisa de uma pessoa bastar não é algo que eu racionalize, é mais espontâneo. A saciedade é espontânea. E acho que daí vem o meu "monoamorismo".

E vou dizer que até hoje é o que tem servido pra mim. Não estou, nem sou fechada a ponto de dizer que um dia eu não possa querer algo diferente, os nossos conceitos não são eternos, não nos servem pra sempre. Só posso falar o que me cabe no momento.

No fim das contas acho válido fazer o que se tem vontade, por mais fora do padrão que seja, por mais estranho e confuso que pareça. Desde que não seja passando por cima do sentimento de ninguém, que haja o máximo de verdade que der, consigo e com o outro (ou outros...).

quinta-feira, 19 de maio de 2011

O que vale

Ai, é tanto drama na minha vida que às vezes eu penso que é demais pra uma vida só! E eu vou falar... Na hora que o bicho pega só pensando na desgraça alheia para entender que o meu drama pode ser muito, mas só se eu vê-lo isoladamente. Todo mundo tem os seus... Em maior ou menor grau, relevância e/ou proporção.

Beleza, isso não anula o fato da minha vida estar um saco! Como está a muito... E é por isso que eu fico agradecida (isso mesmo, dois posts seguidos da mesma coisa...) a qualquer força superior que tenha me dado o dom de contemplar coisas simples, corriqueiras e cotidianas da vida. Creio que não fosse isso eu seria infeliz, amargurada, mesquinha, dentre tantas outras possibilidades que uma pessoa que não saiba lidar com seus problemas, está sujeita.
Apesar de que o fato de eu ver as coisas por determinado ângulo pode não estar relacionado aos dramas que eu vivo, porém pode ser uma auto-defesa, agora não sei... O que eu sei é que isso é a minha salvação.

Eu poderia ficar reclamando muito mais do meu dia-a-dia massacrante que ninguém faz idéia, que só eu sei. Mas prefiro parar por aqui; o que vale ficar registrado, já foi.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Gratidão

Ser grato, esse aparente simples fato eleva o estado de espírito de qualquer ser humano. Quando está tudo indo buraco abaixo, se lembrar que existem outras coisas além daquilo faz tudo não parecer tão desastroso assim.

Hoje, por exemplo, vi um pôr-do-sol incrivelmente lindo e fiquei grata por ter olhos e ver aquele espetáculo de cores e formas na minha frente. Por não passar despercebido como, eu imagino, pra muitas pessoas que estavam presentes naquele trânsito de final de tarde.

Pelo simples (não tão simples assim, enfim) fato de ver aquilo e pouco tempo depois ver a lua nascer, diminuiu consideravelmente o stress do meu dia. Por estar grata. De poder ver, sentir e intuir que a vida não é toda feita coisas materiais, terrenas... Há algo sublime em viver. Nem que seja só observar.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Fragmentos de vida

De repente me deu vontade de escrever sobre sei-lá-o-que. Escrever sobre a vida e tudo que está contido nela. Sobre o amor, sobre mim, tudo que venho passado, descoberto, vivido, experimentado, ouvido, lido, compartilhado. Sobre erros, acertos, o que é amizade. Sobre o que passou e não volta mais, o que passou e permaneceu e como permaneceu.

Sobre músicas que me emocionam, poesias que me tiram o fôlego. Falar de como é bom ser e não ter medo do que isso representa. Sobre como é bom estar com alguém e não ter medo do que isso representa... E falar dos meus medos também porque eles fazem parte e só os encarando que da pra superá-los.

Quero falar sobre tudo que eu vejo, como vejo e o por quê de vê-las assim ou assado. Falar da simplicidade, que é a chave para tudo na vida. Pelo menos para uma vida mais prática; sem neurose, mais indolor e acho que mais colorida também.

Falar do tempo, do que cada pessoa que passa na minha vida representa. O valor das coisas...

E quero falar também sobre como o mundo está uma zona e que às vezes viver cansa... Mas das poucas coisas que podemos ter certeza é de que tudo passa... Por mais dolorido que seja, por mais que a situação pareça não ter saída. Quero falar sobre como a vida se encarrega de organizar isso tudo. No tempo e do jeito dela, acho que vale ser compreensivo e paciente. Com a vida e tudo que está contido nela...

Mas acho que vou deixar pra outra hora. Enquanto isso vou juntando mais pedaços de vida por aí...

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Acabei de ver um filme que mexeu muito com questões presentes e constantes da minha vida.

Falou sobre a dificuldade de tomar decisões difíceis, aquela dúvida cruel de continuar na mediocridade ou dar um passo pro inesperado, pro invisível, ir para algum lugar diferente do que se está porque simplesmente aquilo não satisfaz a alma, o corpo, a mente. E definitiva e obviamente que escolher ficar no estado que se está é o mais fácil, aquele estado cômodo, onde se sente seguro só por saber como é, por ser previsível. Optando pelo outro caminho é se jogar num abismo de possibilidades inseguras, suposições que podem não dar certo, afinal de contas nunca se sabe o que está por vir.

E onde está a satisfação? Onde mora a felicidade? Em ficarmos com o que já temos e sabemos que não está bom e fazemos um esforço profundo e constante para ignorarmos isso tudo? E achar que isso é felicidade? Ou é se fazer o que sentimos ser o correto, agindo, modificando coisas que nos incomodam?

Toda mudança exige um esforço, tem o seu risco, suas perdas. Mas tudo que se escolhe na vida se trata disso. A cada mínima e aparente insignificante escolha nós estamos deixando algo de lado. Toda escolha tem seu sacrifício.

Mas diante da proporção que tem tudo que se escolhe, acho válido pelo menos tentar praticar o novo, o desconhecido. E quando se conhece os dois lados, aí sim se tem pelo que optar. Não escolher entre o real e o imaginário, e sim escolher entre duas realidades. Só assim não se fica à margem do que poderia ter sido.

Não acho válido questionar decisões já tomadas, tantas coisas podem ter sido um erro e isso é irreversível. Acontece que todos os dias são dias que se pode dar outro rumo para tudo que vai acontecer a partir dali. Todo dia é dia para dar o salto... Ou não.
Ou é dia para ficar com as mesmas dúvidas, sentindo as mesmas coisas, vendo tudo parado do mesmo jeito... Sentir o "vazio inexorável". E tentar ser feliz e satisfeito com as coisas do jeito que estão.

Estou num momento que vou escolher ir pelo caminho nebuloso para ver se acontece uma grande mudança. Onde não faço a menor idéia do que vai acontecer no momento seguinte. E aí daqui a um tempo eu vou poder falar se é melhor ficar estagnado ou se jogar.

O que eu sinto? Felicidade e sensação de fazer a coisa certa em primeiro lugar. Não que eu pratique com frequência, mas definitivamente sinto que o certo a fazer está no nosso coração, nos lugares ocultos da nossa consciência que muitas vezes nos recusamos a ver. Tem muitas coisas que não queremos ver, mas no fundo estão lá.

Tentemos colocar esse medo e insegurança de lado e nos abrir ao novo.
Só nos libertando dessas correntes é que possamos ser felizes, talvez.