domingo, 25 de setembro de 2011

Dear prudence...

Estou passando por uma fase que tenho lido muito. Coisas que pudessem me esclarecer, esclarecer qualquer coisa de confuso dentro de mim, de vago, de desorientado, vazio, perdido, indefinido. E isso me faz muito bem! Li coisas incríveis! Coisas que eu não cogitava que alguém tivesse experimentado e vivenciado exatamente como eu! Cada vírgula, cada ponto, cada reticência, toda a descrição completa e perfeita de como eu sou, como eu vejo, como eu vivo, até de situações e circunstâncias! Eu não podia crer, mas até diálogos semelhantes...

Caio Fernando de Abreu, Clarice Lispector, Alice Ruiz, Fabrício Carpinejar, Cecília Meirelles, Fernando Pessoa, até Freud e Jung e um filósofo belíssimo chamado Andre Comte Sponville, fora os cantores. Tiveram fragmentos de muitos outros que não vem ao caso, a lista ficaria imensa. Mas estão muito bem guardados!

Todos eles contribuiram para que eu não me sentisse sozinha, nem desorientada, como eu pensava que estava. Eles acalmaram uma grande ansiedade, uma enorme frustração, a minha incapacidade de lidar sozinha com os meus problemas. E sabe o que eu descobri? É que de fato não tem como fazer isso sozinho... Então o que faltou de amigos que eu pudesse dialogar, sobrou poesia pro meu pesar.

Mas o que acontece? Em mim agora têm um milhão de pensamentos, muitos assimilados, mas muitos soltos ainda. E ler está começando a me gerar um conflito, porque parece que ao mesmo tempo que eu me vejo naquilo e penso "é isso! é isso!", eu estou vendo que continua uma grande desorganização aqui. Estou começando a sentir uma necessidade de parar e pensar, meditar mesmo. Mas o que eu faço? Escrevo. Que dificuldade de parar! Refletir, respirar, fechar os olhos, meditar, acalmar.

A leitura tem servido como alguma coisa que deixam meus pensamentos mais frenéticos. E não que eu ache isso ruim, ler é um estímulo pro raciocínio. Mas o que me incomoda é essa dificuldade de parar um pouco e me perguntar sobre o que eu tenho aprendido, o que eu estou achando, o que eu estou pensando agora nesse momento. Eu, não os autores que citei ali em cima! Por mais que eu tenha a sensação de que eles pensam por mim, quero saber o que se passa aqui dentro agora.

Hoje não sou a que eu era ontem, nem semana passada, muito menos duas ou três semanas atrás! As semanas vão passando e eu vou observando o quanto eu estou mudando diante de uma perda. Mas preciso saber o que eu quero e o que eu não quero. O que eu penso e o que eu não penso. O que serve pra mim e o que não serve. Fazer uma faxina geral dentro de mim. Ou uma espécie de reciclagem... Acho que está mais pra isso! Reciclar pensamentos e sentimentos... Eu já escrevi sobre isso aqui, as vezes tudo fica calmo, os conceitos servem pra alguns momentos, mas é só pro momento... E cada momento exige uma postura diferente. Eu não posso ser a mesma sempre! E isso é uma fase. Quando tudo ficar calmo de novo, os conceitos que eu estou reformulando vão servir, mas só enquanto a vida não me exigir que eu reformule tudo de novo! Ah! vou ter que citar uma frase que diz exatamente isso!

"Mesmo que as partidas doessem, e que a cada dia fosse necessário adotar uma nova maneira de agir e de pensar, descobrindo-a inútil no dia seguinte - mesmo assim era bom viver." Caio Fernando de Abreu

Ou seja, esses autores pegam tudo que eu penso e transformam numa coisa linda de morrer! Sensíveis até a alma!

Mas agora tem que ser as Júlia's pensando, se entendendo e se organizando, se conhecendo, dialogando entre si, argumentando... Porque ela's têm muito a dizer! Mas eu não estou deixando isso acontecer! Só estou me deixando levar pelo lado impulsivo, irracional, que na verdade é o lado mais forte em mim, sem-pre! Não sou dessas que se recriminam, que fingem que não sentem, que não tem vontades, que não expressam essas vontades. Nunca fui disso... Mas talvez (!) o momento esteja me pedindo uma atitude que vá contra isso, e aí é questão de ir contra mim mesma? Talvez (!) não, já que tem tantas dentro de mim. Vai ser questão de dar voz pra outra dentro de mim! Porque a impulsiva é uma desvairada! E apesar de gostar muito dela; acho ela linda e espontânea e a flor da pele, sincera e visceral e sensível; apesar disso ela me faz ser imprudente às vezes...E aí entra um pensamento do Carpinejar: "toda escolha depende da capacidade de suportar perdas...".

Eu vou ter que aprender a lidar com toda essa impulsividade, mesmo sentindo que é o que me move. Chegar num concenso, descobrir o que eu quero! Até se eu quero realmente ser impulsiva ou não. Se é realmente a minha natureza ou pode ser controlado e de fato revisto.

Ser prudente até poder mandar essa prudência toda ir brincar... E ficar livre de novo dessas dúvidas mártires! Livre pra ser...

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