sábado, 3 de setembro de 2011

Desperdício de energia

Não sei o que é melhor, se entregar e viver as coisas intensamente, ver viver estar fazer tocar experimentar tudo de lindo, pra depois sentir um vazio por ter visto como é e não ter mais... Do que adianta? Pra que serve? Só pra ver que existe? E aquilo que parecia ser algo que pudesse ser muito mais, na verdade não passou de sensações momentâneas... Queria sentir as coisas com menos intensidade, tanto as boas quanto as ruins. talvez não me fizesse iludir e projetar, e depois não me faria sofrer e ter vontade de sei lá, sumir de dentro de mim até isso passar.

Uma ironia, mas certa vez me disseram que o bom é viver tudo que dá pra viver intensamente porque não sabemos o dia de amanhã... Mas se tudo pode não passar de papo toque olhar risada afinidades e amanhã não ser mais nada, pra que se entregar pra isso? Quando acaba, perde o sentido... Não sei se estou pensando assim porque estou mega magoada, mas de verdade que preferia não ter ido fundo pra chegar no fundo sozinha...

Ontem recorri à poemas lindos, músicas que me fizessem esclarecer a confusão que está acontecendo dentro de mim... Quintana, fofo até a alma, reforçando viver cada dia como único, deixando as coisas perdidas e passadas em seu devido lugar, vendo a novidade que acontece todo dia... Gullar com seu jeito majestoso de escrever, falando que se pudemos experimentar uma sensação boa, se fomos feliz até o topo, devemos aceitar a queda, experimentar o oposto porque ambos existem e tudo é efêmero. Fernando pessoa, que tinha tantos dentro dele e conseguiu sentir e escrever sobre coisas tão diversas, falando sobre as coisas que existem independentes do que possamos controlar, e é justamente isso que está me matando, enfim! E Chico Buarque, no final do meu dia, fazendo todas as perguntas sem respostas que por mais que a gente pense e analise e tente achar uma razão, um motivo, uma ordem, simplesmente vamos ter pontos de interrogação no final...

"ó menina vai ver nesse almanaque
como é que isso tudo começou
diz quem é que marcava o tic-tac
e a ampulheta do tempo disparou
...
me diz, me responde por favor
pra onde vai o meu amor
quando o amor acaba
...
quem tava no volante do planeta
que o meu continente capotou
...
vê se tem no almanaque, essa menina
como é que termina um grande amor
se adianta tomar aspirina
ou se bate na quina aquela dor
se é chover o ano inteiro chuva fina
ou se é como cair do elevador
me responde por favor
pra que tudo começou
quando tudo acaba"

Lidar com sentimentos é uma das coisas mais difíceis... Porque são incontroláveis, como uma querida falou, não dá pra tocá-los... Não dá pra mudá-los, a gente sente e é espontâneo, o que tem pra se fazer, a não ser sentir? Mas quando dói é como estivesse alguma coisa morrendo dentro de você, como se algo estivesse perdido, sem saber pra onde ir, onde ficar. E o coração parece que fica pequeno, apertado, espremido, dolorido de tanto aperto... E aí tem as lágrimas pesadas, grossas, expulsando de dentro todo esse sufoco, dando vasão a um turbilhão de pensamentos confusos e desconexos. E não param, são involuntárias, é dor derretida, já dizia Mosé... A cada pensamento, a cada lembrança elas vêm carregadas de tristeza, de falsas esperanças, me dizendo que eu não devia ter vivido isso tudo só porque foi bom e me mostrou tantas coisas pra no fim das contas, acabar assim. Mas como eu ia saber, também? Só acho que deveria ser mais cautelosa, não ter me deixado envolver tanto, enfim.

Sei que quando passar, vão ficar só as coisas que eu aprendi, a experiência, que com certeza vai servir para futuras experiências, mas até lá eu fico aqui querendo excluir tudo que eu vivi, porque não quero lembrar de como era bom, de como pôde acabar sem previnir, sem preparar, sem permissão. As coisas não tem pé nem cabeça são imprevisíveis caóticas não têm lógica nem nexo, "as coisas não tem paz".

As vezes é difícil aceitar as coisas como elas se apresentam, como elas se encaminham, quando elas parecem ser uma coisa e não são. Aí fica um nada... Um vazio, uma sensação estranha de estar deslocada, sem saber o que fazer, pra onde ir, o que pensar... E aí penso no que poderia ter sido e não foi por um motivo qualquer, por alguma coisa que eu ainda não consegui entender, por alguma coisa que eu não tenho sequer a possibilidade de mudar, me consome! Uma coisa que aparentemente estava bem, que eu adorava e que acabou e ficou um espaço... Maior do que eu estava esperando!

Dias estranhos vêm aí... Espero sair mais forte, madura. E menos aberta pras coisas que me aparecem e eu não dou o tempo necessário pra ver se é aquilo mesmo, vou me doando, vou me abrindo, vou pisando sem ver a altura que pode vir ser a queda, não quero mais ficar nas alturas. Porque estar nas nuvens é isso, não passa de ilusão... Espero entender que ter os pés no chão é que é o certo. Porque eu também queria ter ficado sem sentir nada, muito racional e sem nenhum sentimento... Como se nada tivesse acontecido! Conseguir passar por cima das coisas com muita facilidade, espero aprender isso. Viver as coisas sem me entregar, sem nenhum apego, ha quanto tempo falo isso? Desapego... Ter a distância necessária pra não ficar #$%&*@! assim!

E chega!

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