segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Uma situação:

Eu, puta da minha vida com alguém; o motivo não faz muita diferença. Estou com um discurso eloqüente, com todas as pausas, nuances de voz (!!!), a cara de menina séria e tudo, tudo na minha cabeça está planejado.

Vou eu colocar isso em prática!

Eu, puta da minha vida, com tudo planejado pra falar, vou ao encontro do tal alguém, ou ligo pra o tal.
Beleza, as coisas começam a ficar um pouco diferentes; o coração palpita mais rapidamente, sinto diferentes partes do meu corpo tendo tremeliques e daí começam a ser reformuladas as primeiras partes do discurso. Não necessariamente do discurso, pode ser alguma daquelas outras partes do plano (cara, voz, pausas). E chegando mais próximo de colocar tudo em prática, começo a pensar se deveria dizer o que eu tenho a dizer, da forma que eu pensei em dizer. Aí entra a parte da mudança do discurso...

Eu, puta da minha vida, chego com um sorriso, uma voz suave e aí começam as voltas pra dizer o que eu quero. Começa a cara de perdida, os olhares pra cima e pro lado de menina insegura, e os tremeliques a esse ponto não me deixam confortáveis e os dedos são estalados constantemente, pernas cruzando e descruzando ou balançando, umas caras e bocas estranhas. Deve ser o princípio do princípio de um ataque de nervos.

Eu, depois de dar voltas pra conseguir chegar ao ponto que quero, não consigo dizer metade do que eu quero, toco no assunto, e se a pessoa se mostra desinteressada (e é o que geralmente acontece) ou pior ainda: ofendida!, parece que tudo que eu tinha dentro de mim se esvai sei lá pra onde! Fica um vazio...

Eu, sem saber o que dizer, começo a falar de outras coisas e era uma vez todo aquele plano perfeito, esquematizado com todos os detalhes. Ficou no campo imaginário, guardado a sete chaves. E as chaves? Alguém dentro de mim as escondeu bem escondido e distante do meu conhecimento.

Por que é tão difícil pra mim, falar firme, falar sério, falar de uma forma mais direta? E o pior, maquiar tudo que tenho pra falar? Como se não fosse algo que é importante e gritante e histérico e grrrr (*) pra mim?

* Traduzindo, esse 'grrr' é algo como quando a gente está com ódio, que quase fazemos esses grunhidos. Mas, pensando bem, isso não é bem humano, a gente não faz isso! Mais parece um bicho raivoso, enfim.

Hoje dei mais atenção em mim, uma coisa que desencadeia uma série de outras coisas e que não faço idéia de até onde isso é positivo ou não. Sou muito coração mole. Então, às vezes, acabo colocando o amiguinho na minha frente, esquecendo que alooou! Tem alguém aqui, nesse caso EU (apenas, bobagem), que tem vontades que podem não agradar, prioridades que podem ser mais urgentes que a do amiguinho, coisas a dizer que podem não ser muito agradáveis de escutar. Mas esse 'eu' não consegue colocar nada disso em prática! Olha que coisa...

Ponto(s) positivo:

. Eis aqui alguém que realiza vontades, é simpática, sorridente, calma, paciente.
. De problemas cardíacos não morro;
. Talvez de câncer, mas isso não é positivo! Merda.
. ?
. ...

Ponto(s) negativo:

. Eis aqui alguém que oculta as próprias vontades;
. Que se coloca em segundo lugar com certa freqüência;
. Não consigo as coisas que quero;
. Há certa submissão nisso;
. ...
. Fudeu vou morrer de câncer!

Tenho que melhorar, mudar essas coisas... Mas como? Preciso entender que as minhas vontades, necessidades, às vezes vêm antes do que a das outras pessoas. E não tenho que me solidarizar tanto assim.

E esse lance de não conseguir falar o que eu tenho pra falar, da forma que gostaria, me consome! Como faz pra mudar isso, se tudo parte do nervosismo? Respiração, meditação, uma ioga... Terapia? Ou pede pra uma força superior? Socorro!