terça-feira, 29 de maio de 2012

Ser uma sonhadora

Das formas de encarar o mundo, dos infinitos prismas pelo qual podemos ver o que está a nossa volta, eu fico com o jeito mais romântico que tiver por aí... E quanto mais enfeitado, mais perfumado, mais gostoso de tocar, de sentir, de viver, mais fácil e agradável fica a passagem por aqui.

Viva a imaginação! Viva transformar tudo de mais vil e cru e sem cor nem tempero sem amor nem compaixão em algo que brilhe muito mais! Viva regredir a realidade! Viva ser salvo pelo sonho! Pelas coisas simples! Pela transmutação! Porque a vida é muito mais do que se apresenta! Muito mais do que acontecimentos concretos, palpáveis, mais do que isso! A vida é o que a gente faz deles, o que a gente aprende com eles, o que a gente muda com eles... A vida não é isso que eu vejo. Não é o que eu toco. Eu crio outra vida. Tenho um universo só meu, minha válvula de escape, minhas cores, meus sons, brincadeiras, percepções. Tenho um tempo que não é o tempo do mundo. Não desse mundo onde pessoas cobram que você seja algo e não alguém, onde o seu valor é medido pelo que você tem e não pelo que você é, pelo que você faz e onde não basta existir e sim produzir! 

Viva a utopia, viva a arte!

                ( VIVA A ARTE! )

( A arte libertadora de espíritos aprisionados por um sistema que não está nem aí para ele! A arte que liberta demônios! A arte que, dentro de toda uma acomodação da população em massa, consegue fazer mudanças! Consegue mudar pensamentos, comportamentos, atitudes. Por refletir, por ser o espelho, por gritar, berrar, esfregar na cara tudo de belo e tudo de mais feio que existe! E até ultrapassa esse conceito do que é belo e do que não é; melhor é dizer que ela traduz todas as formas de existência. Das coisas que conseguimos ver, das coisas que não conseguimos e das que não queremos! )

Eu não quero o sujo. E isso não significa ignorar o que é sujo. É só que eu preciso desse filtro para transformar toda essa sujeira em algo que valha. Porque senão eu morro... Morro... Morr... Mor... Mo... M... ...

E enquanto eu estiver viva, eu quero me sentir como tal! E se para isso eu preciso de certos ajustes em acontecimentos que não me agradam, tudo bem. Tudo bem mesmo! A vida sem isso seria muito chata, muito séria, muito grave. 

Eu quero ouvir meu coração. 
A pureza da voz que sai de lá sem antes passar pela nossa razão condicionada fria calculista chata dopante eca! 
Eu quero ser feliz! 

Eu quero ser... 
Agora!
Para sempre!
Amém!


Desabafo escrito em absoluto êxtase depois de ver o filme 'Dançando no escuro' pela segunda vez depois de doze anos. 
Absolutamente comovida. Como vida. Com vida. 

Feliz dia para quem é


Feliz dia para quem é
O igual do dia,
E no exterior azul que vê
Simples confia!


Azul do céu faz pena a quem
Não pode ser
Na alma um azul do céu também
Com que viver


Ah, e se o verde com que estão
Os montes quedos
Pudesse haver no coração
E em seus segredos!


Mas vejo quem devia estar
Igual do dia
Insciente e sem querer passar.
Ah, a ironia


De só sentir a terra e o céu
Tão belo ser
Quem de si sente que perdeu
A alma p’ra os ter!

Fernando Pessoa