segunda-feira, 26 de julho de 2010

Eu estou precisando desabafar. O ruim é que eu não sei o quê. Uma ansiedade sem nome, uma sensação ruim.

Eu vejo a vida como ciclos. As coisas começam, se desenvolvem e acabam. Tudo na vida é assim. As pessoas, os gostos, os afazeres, responsabilidades, momentos, quereres. Só que a ordem desses ciclos ás vezes fica nítida, tem vezes que não. É quando há uma ruptura brusca. Sem uma palavra, sem um motivo aparente, sem um desgaste, uma mudança, enfim, tem vários motivos que levam ao final do ciclo.

E eis que quando você está no meio de uma história de repente se esfacela. Acho que é isso que me incomoda. Esse não-sei-o-quê, que eu sei muito bem o que é mas não queria! É ruim não saber o que fazer com sentimentos. Queria que tivesse uma caixinha de reciclagem aqui dentro, ai eu mandava eles pra lá e eles sairiam diferentes. Sem ansiedade, sem saudade, sem sofrer. Eles entenderiam que as coisas mudam sem o meu consentimento e por mais que eu queira continuar, não dá mais porque o que era pra acontecer, já passou. E assim que as coisas funcionam na vida... É tão difícil o momento de ter o que se quer. Tão raro. É lindo.

E é aí que entra o desapego. A arte do desapego... E é só o que eu tenho praticado na minha vida. Pra não haver essas confusões interiores. Tudo fica mais fácil, prático e indolor. Só que ás vezes eu faço um esforço fdp pra conseguir isso. E como disse é uma arte, se consegue com o tempo e com prática. E acredito que esse seja o caminho mesmo. Viver com desapego material e sentimental. Entender que as coisas são efêmeras e ponto final. São do jeito que são e não do jeito que queremos. Não adianta sofrer, querer voltar atrás, nada disso funciona. Então o que resta é ser prático e um pouco frio (pouco?) mesmo.

E agora sinto a minha vida como um papel em branco. Vazio. Sem nada preenchendo, colorindo. Pessoas queridas estão longe, os planos que eu tinha pra vida foram por água abaixo, estou me sentindo oca. Mais uma vez me sinto paralisada no tempo. É horrível, me sinto deficiente, sem rumo. Estou deslocada na vida!

Até que falando assim dá pra entender o por que da ansiedade, sensação ruim e tudo mais. Sabe a roda viva? Com seus altos e baixos? Estou sentindo a brisa do declínio. E é tão desolador.

http://www.youtube.com/watch?v=4waQ7092O5c

terça-feira, 13 de julho de 2010

"Torturava-se com recriminações, mas terminou por se convencer de que, no fundo, era normal que não soubesse o que queria: nunca se pode saber aquilo que se deve querer, pois só se tem uma vida, e não se pode nem compará-la com as vidas anteriores nem corrigi-la nas vidas posteriores.
Não existe meio de verificar qual é a boa decisão, pois não existe termo de comparação. Como se um ator entrasse em cena sem nunca ter ensaiado. Mas o que pode valer a vida, se o primeiro ensaio da vida já é a própria vida? É isso o que faz com que a vida pareça sempre um esboço. No entanto, mesmo "esboço" não é a palavra certa, porque um esboço é sempre um projeto de alguma coisa, a preparação de um quadro, ao passo que o esboço que é a nossa vida não é esboço de nada, é um esboço sem quadro."

- Milan Kundera -

Caminhando e entendendo um pouquinho mais desse mistério que é viver. E viver coisas novas sempre deixa aquele ponto de interrogação. Vou ou não vou? Faço ou não faço? Tem uns anos eu passei a me aventurar mais. Não ter medo de passar por novas experiências. Muitas delas foram ótimas, as que não foram, de fato foram fundamentais pra eu amadurecer, crescer, poder falar que gosto ou não, se é por aquele caminho ou não. Mas sempre concordei com o pensamento "me arrependo do que eu não faço".

Sempre vejo as coisas pelo lado bom, então acho uma maravilha todo esse desenrolar e mudar das circunstâncias. Tento ver a beleza de cada segundo, aprender a cada dia. Então por mais que eu esteja tomando a decisão errada diante de uma situação, acho fantástico observar isso!

Esses dias andei meio assim por não dar corda pra minha intuição. E ainda não cheguei em nenhuma conclusão. Porque no fundo do fundo nós sabemos quando estamos fazendo a coisa certa, acho que já falei sobre isso aqui. Baaasicamente, coisa certa = bem-estar; coisa errada = nós (de nó mesmo, dentro do peito e parece que na região do cérebro também, já sentiu? Rs). Pelo menos quando eu sinto essas coisas, no final das contas era aquilo mesmo que eu sentia ser certo ou não. Porém, contudo, entretanto, eu não consigo deixar de passar por certas coisas mesmo assim. Por querer saber como é, ser curiosa. Mas nessas situações de escolhas erradas e certas é uma linha ténue porque as vezes está tudo aparentemente bem. Dentro da escolha certa também há mal estar as vezes, e na errada, sensação boa. Então o que me resta, senão um fazer um esboço sem quadro? Quem sabe chega uma hora que não vai ser mais preciso deixar as coisas pro acaso e eu consiga ter escolhas diante do que eu sinto ser certo. Já estou nesse dilema tem alguns anos e até hoje... Nada.

Caminhando e cantando e seguindo a canção...