sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Got to be true to myself !

Olhar pra si mesmo é uma das coisas mais difíceis que tem. E quando eu penso em como fazer isso, penso em meditar ou aquele momento antes de dormir (que é a maior enganação da vida!) ou até escrevo às vezes com esse intuito... Só que nunca acontece o insight que eu realmente preciso!

Mas hoje, numa situação totalmente inusitada para tal prática, eis que acontece! Eis que surge um espelho na minha frente! E sem ter pra onde correr. Era a hora de (me) encarar... Desde a hora do meu nascimento, passando pela minha primeira lembrança, por toda minha infância, as pessoas que fizeram parte dela, e aqueles flashes de memórias lindos e gostosos de reviver! E aí passando o tempo, ficando mais velha, progressivamente chata e problemática a vida, cada vez mais e mais e mais... Até chegar aos dezoito anos. E até chegar agora. E até encarar tudo que eu vivo hoje e o por quê e o até quando vou viver. E até encarar que eu não tenho culpa disso e muito menos algum domínio pra reverter a situação. E até me achar uma ameba, uma qualquer coisa sem propósito, sem meta, sem rumo, sem eira nem beira, mesmo sabendo que não sou tão qualquer coisa assim...

Horrível essa sensação de não saber pra onde está indo. É aquela história de 'quem não sabe pra onde vai, qualquer lugar serve'... E eu estou nesse qualquer lugar.

Mas hoje abriu uma nova porta pra mim. Hoje alguma coisa (sem nome ainda) mudou em mim. Hoje foi um dia daqueles. Hoje está sendo um dia importante! E que linda coincidência. 11/11/2011. Pode não ser nada, mas pode ser muita coisa! Pode ser o começo de algo novo e inédito e necessário na minha vida!

Libação

É do nascedouro da vida a grandeza.
É da sua natureza a fartura
a ploriferação
os cromossomiais encontros,
os brotos os processos caules,
os processos sementes
os processos troncos,
os processos flores,
são suas mais finas dores

As conseqüências cachos,
as conseqüências leite,
as conseqüências folhas
as conseqüências frutos,
são suas cores mais belas

É da substância do átomo
ser partível produtivo ativo e gerador
Tudo é no seu âmago e início,
patrício da riqueza, solstício da realeza

É da vocação da vida a beleza
e a nós cabe não diminuí-la, não roê-la
com nossos minúsculos gestos ratos
nossos fatos apinhados de pequenezas,
cabe a nós enchê-la,
cheio que é o seu princípio

Todo vazio é grávido desse benevolente risco
todo presente é guarnecido
do estado potencial de futuro

Peço ao ano-novo
aos deuses do calendário
aos orixás das transformações:
nos livrem do infértil da ninharia
nos protejam da vaidade burra
da vaidade "minha" desumana sozinha
Nos livrem da ânsia voraz
daquilo que ao nos aumentar
nos amesquinha.

A vida não tem ensaio
mas tem novas chances

Viva a burilação eterna, a possibilidade:
o esmeril dos dissabores!
Abaixo o estéril arrependimento
a duração inútil dos rancores

Um brinde ao que está sempre nas nossas mãos:
a vida inédita pela frente
e a virgindade dos dias que virão!

Elisa Lucinda