segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

"Cada um com seus problemas
Seus mosquitos
Eles chupam o seu sangue
Sua carne
E se o espírito está louco
Que se acalme
Eles sugam das entranhas
Sua vida
Depois forma aquela casca
Na ferida
Vai saindo aquele líquido
Fluido quente
Você lambe e a sua língua
Passa rente
Se coçar a casca raspa
Cai doente
E até nascer a outra
Fica exposto
O tumor com seus temores
Que desgosto
Essa vida parasita de ascaires"

DonaZica - Até o dia

Aprendemos desde todo o sempre a depender de algo para conseguirmos viver bem. Algo de distração. Dificilmente se aprende como ser auto-suficiente. Não que sejamos, justamente porque é estabelecido que precisamos nos estruturar como seres humanos baseado em outro ser humano. Nunca sozinhos.

A partir dai ser carente é uma condição pré-estabelecida. Buscamos em nossas relações com as coisas e com as pessoas sempre algo que supra essa carência da auto-suficiência.

Isso fica nítido quando se fica sozinho. Sozinho nunca estamos, mas essa condição é mais dentro do que fora. Alguma coisa que falta, um vazio, algo que precisa ser preenchido. Assim se fica sozinho. E acabamos transpondo isso para áreas da nossa vida. É a busca incessante por alguma coisa que não deixe prestarmos atenção nessa lacuna. Precisamos ficar distraídos para nos sentirmos bem.

Assim surgem os alcóolatras por exemplo, que, não satisfeitos com os vazios da sua vida, cria um espaço aonde ele possa ser e viver algo que alivie a pressão do dia-a-dia.

Mas a verdade é que em tudo que fazemos, estudar, dançar, cantar, se exercitar, sair, amigos, é uma forma de ligar nossos pensamentos em coisas que nos façam sentir bem conosco e encontrar também um alívio pra toda essa pressão que é viver.

O processo é tão natural que passa dispecebido o que tem atrás de nossas atitudes. E isso é saudável, caso contrário viveríamos numa total neurose de enxergar o que nos leva a agir, falar, sentir.

Ruim é quando se percebe os por quês de algumas das atitudes e vai no centro da questão. Lá da pra encontrar coisas que ficam guardadas a sete chaves, segredos de Estado, não é um lugar agradável para se visitar nem vasculhar. Pode abalar as estruturas. Você fica exposto e o engraçado é que é pra você mesmo.

É incrível como não nos conhecemos.

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