quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Transição


É, talvez eu tenha que fazer outro blog, com outro nome. Essa menina que escrevia há um (pouco) tempo atrás não está mais aqui.

Relendo, discordando fortemente com várias ideias, repugnando outras, algumas ainda fazem sentido, mas de outra forma.

Desses processos de mudanças que eu passei, devo estar passando pelo mais radical até hoje!

Vou fazer outro blog.
Vou repaginar algumas coisas.

E falar mais sobre isso lá.

E deixar esse trecho do Fernando Pessoa que já está tão batido, chega a ser clichê. Mas não é que é?

Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

O Luto


Um velório sem corpo. Mas ele estava morto! Demorei pra perceber, cheguei a suspeitar, preferi não. Estava velando alguma coisa que não existia. Era um velar antecipado. Tudo pronto, tudo preparado para a morte. 'Venha, morte! Eu estou aguardando por você. O que você vai levar dessa vez? À la vonté.'

Não estava doendo, eu estava até feliz! Até conseguir ver. Mas quando eu consegui, quando eu realmente entendi que tinha morrido algo que era importante pra mim... debulhei em lágrimas. 'Ele morreu de desgraça', alguém falou... E quando as lágrimas começaram a cortar eu abri os olhos, respirei fundo, já estava quase chorando também.

Estou com feridas abertas. A cicatrização é um processo longo e confuso. Eu estou navegando por lugares completamente desconhecidos em mim. Estou experimentando algo que nunca tinha antes: ver as coisas sem o véu das minhas ilusões.

Dostoiévski escreveu a respeito de pessoas como eu:

'É o que sempre acontece às pessoas românticas: enfeitam uma criatura, até o último momento, com penas de pavão, e não querem ver, nela, senão o que é bom, muito embora sentindo tudo ao contrário. Jamais querem, antecipadamente, dar as coisas o seu devido nome. Essa simples ideia lhes parece insuportável. A verdade, repelem-na com todas as forças, até o momento em que aquela pessoa, engalanada por elas próprias, lhes mete um murro na cara.'

Esse foi o meu sonho analisado por ninguém mais, ninguém menos.

Eu estou me simpatizando com a tal da verdade nua e crua. Com as coisas feias, com as sujas, as desagradáveis, as cruéis, o tosco, o violento, o absurdo. A falta de esperança, a fatalidade, o inexorável. Cansei de ideais, da espera por alguma coisa que caiba nos meus sonhos, como varizes que vão aumentando, como insetos em volta da lâmpada.

Preciso de outros ares. O que eu respirava antes me asfixiou.

Mas eu voltei, só que diferente. Só que desconstruída. Só que desconhecida. Só que assustada.

Só.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Inconclusões


O fato de interpretar casos, acasos, palavras, gestos, atitudes, olhares, sempre esteve em mim. Mas no sentido de transformar essas coisas em alguma outra coisa para que tenha um sentido, afinal de contas, me custa entender que as coisas podem ser simplesmente coisas e ponto final. Aquilo não necessariamente significa alguma coisa... Só que pra mim sempre é mais. E na verdade, fazer isso nunca me levou pra uma real compreensão da coisa, pelo contrário! Acho que me trás uma certa alienação porque começo a supor coisas que pra mim, ficam subentendidas. O problema é que talvez eu que crie esse subentendimento.

Quando eu conseguir entender que as coisas podem ser simplesmente o que aparentam ser e nada mais, ou melhor, quando eu entender a não dar a devida importância para as coisas, vou ser uma pessoa tão mais leve... Essa coisa de querer ver beleza em tudo tem me cansado. Aliás, de ver beleza em tudo. Porque não é um esforço... É algo inerente à tudo que eu vejo, simplesmente.

(...)

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Dos paradoxos

Depois de 'Na Estrada', novo filme do Walter Salles, uma dose (ou várias) de uísque, um maço de cigarro e um Miles Davis, por favor. O Miles de fundo é só pra tocar um pouco a certa angústia e um ar de drama pra toda a sensação que esse filme me trouxe.

Um filme ácido, daqueles que te deixam com um gosto meio amargo no final. Um certo desgosto... Um filme que fala da liberdade e do ar que ela tem. Um ar acre. Um ar angustiante por não saber o que fazer dele. Dias atrás eu falei pra um conhecido sobre a liberdade ser opressora. E talvez o filme tenha mostrado  isso de uma forma bem nua e crua em 1949, um ano em que nunca tinha parado pra pensar nos jovens que já sofriam em demasia por não querer o que era estabelecido, mas sem saber muito bem pra onde ir ou o que fazer. Queriam algo diferente, mas não sabiam o quê. E se jogavam e iam, sem rumo, sem prumo, sem metas, nem objetivos, só indo... Na direção do vento. Só que toda essa liberdade acabava por esmagá-los, afundá-los nas suas respectivas faltas de obrigação, de responsabilidade, de laço ou atenção com qualquer realidade que gritava, berrava pela atenção deles. Era muito mais fácil fazer e não se sentir responsável por aquilo, lógico! Se preocupar pra que? O barato é fazer e não pensar nas consequências! Legal é responder a todos os impulsos sem se questionar o por quê deles. Sem pensar em mais nada, além de satisfazer essa necessidade incessante de buscar algo novo, alguma emoção nova, algum prazer novo, algum vício, qualquer tampão que esconda esse buraco horroroso que carregavam dentro deles! Não queriam ver nada. Não queriam ver seus insucessos, suas dificuldades, suas faltas. Queriam se manter anestesiados. Ah, a adolescência...

E a minha angústia de ter visto esse filme foi justamente de me colocar dentro dele. As lembranças de uma época em que a minha vida foi exatamente daquela forma. Não tão exatamente assim pelas viagens loucas que eu não fiz, pelos paus da barraca que não chutei, pelas caronas na estrada que não peguei, pelas substâncias que não experimentei. E talvez se fizesse, hoje não estaria escrevendo dessa forma, talvez estivesse escrevendo um livro com as minhas memórias e então seria exatamente como o filme. Mas vivi toda aquela busca de não sei o quê. Todo aquele medo de tocar o que está em volta. E de não querer o que está em volta.

Mas sabe? Ter uma válvula de escape é extremamente necessário para a nossa sanidade, mesmo que ela não seja das melhores. O que não dá é pra viver dentro da válvula. Ela é pra situações de emergência. Para os momentos em que é preciso extravasar, pra pirar um pouco, pra esquecer de toda essa merda. Toda essa merda que acontece independente da nossa vontade, das nossas expectativas, das nossas faltas e necessidades. Essa merda de hipocrisia. Essa merda de mentira. Essa merda de padrões. Essa merda de preconceitos. Essa merda de vazio inexorável. Pra escapar de tudo isso... PORÉM! Ah, porém... A válvula de escape tem o seu lado cru também. Porque enquanto a queremos para extravasar certas coisas, acabamos criando outras e que tem as suas conseqüências e aí estamos no paradoxo inerente à tudo que vivemos. E aí já se foi a tal liberdade... E aí vem a opressão da conseqüência dos nossos atos.

Então diante dessa falta de liberdade que eu já aceitei, me falta aceitar a vida como ela é. A vida como ela é. A vida, como ela é?

(...)

( Essa fica pra depois! )

Então essa angústia que despertou em mim. Acho que foi só de olhar pro lado e lembrar dos por quês. Dos por quês deu ter me jogado na direção do vento e ter me perdido. Porque os por quês ainda estão aqui. Mas agora eu sei lidar um pouco melhor com eles... Mas talvez eu vi que ainda faça um pouco o que eu fazia antes... Talvez tenha me dado um leve cansaço... E uma leve vontade de chutar o pau da barraca... Mas não vou fazer. Porque me entregar para esse cansaço eu já experimentei. E não gostei do que vi... E não quero de novo. Só quero minhas pequenas válvulas de escape e está bem. Tudo bem a minha rotina, tudo bem o que eu não tenho, tudo bem o que eu queria que fosse diferente e não é e nunca vai ser porque nunca foi, então não é hoje...

Um dia quem sabe eu me entrego pra minha loucura...
Mas não hoje.
Não agora.
Talvez em um outro momento.
Quem sabe...?

domingo, 15 de julho de 2012

Para se relacionar com o outro, devemos nos relacionar bem com a gente primeiro.


Li algo assim esses dias, compartilhei no FB e tudo! Pois bem. Não é bem assim como essa frase diz. Com certeza ajuda, afinal de contas quando você não está bem resolvido consigo mesmo é impraticável se relacionar de forma adequada com qualquer coisa externa à você. Seja família, amigo, trabalho, uma viagem, um livro, um filme, estudos, o que for. Quando temos coisas mal resolvidas dentro da gente parece que entranhamos tudo que fazemos com esse mal-estar interno. Acabamos projetando inconscientemente coisas ruins que passam dentro, fora. Beleza... (Beleza?)

Eu tenho me sentido bem comigo mesma. Tenho conseguido ter mais postura diante das coisas que eu considero certas, das coisas erradas, sei quando me calar, tenho conseguido perceber mais o que é conveniente. Estou tendo mais clareza em relação às minhas coisas, meus sentimentos, minhas atitudes. Dei um passo para que as minhas relações sejam mais saudáveis.

( E isso é coisa que vem aos poucos, é uma brisa. To começando a entender melhor isso agora e estou começando a mudar em relação às coisas novas que surgem. Algumas antigas estão muito enraizadas para eu conseguir colocar novas atitudes em prática. Então elas ficam meio bagunçadas do jeito que estavam e eu ainda não descobri como as resolver ainda. Droga! Eu não sou um Übermensch! Mas beleza... Acredito que cada dia é um dia para melhorar, essa melhora contínua que os japoneses chamam de Kaizen. E aplicar isso na vida é o que há! Porque senão nós ficamos estagnados... Sempre no mesmo, sempre o mesmo. Aí passam os anos e você olha pra trás e percebe que ao mesmo tempo que mudou muita coisa, dentro não mudou quase nada. Isso para os que se interessam pelo que passa dentro, porque tenho percebido que pra muita gente isso não faz muita diferença. Tem me parecido que muitas pessoas agem só no automático. Eu tenho agido assim nos últimos tempos... Tenho anestesiado um pouco o que tem dentro. Mas aí a gente faz isso até que alguma coisa te desperte, te provoque. Até que alguma coisa te cause um impacto e você pense "Opa! Peraí! Tem alguém aqui que sente, que tem sangue correndo nas veias, que tem um pulso que ainda pulsa!". )

Mas como eu dizia, se relacionar bem consigo não é tudo para a relação porque depende do outro estar bem-resolvido! Olha que merda. Uma merda mesmo porque pessoas andam por aí cheias de traumas incubados, os complexos até a alma! Falando assim parece até que eu não os tenho. Inclusive sinto muito se alguém não tem, acho que nem Humano seria. O lance é: o que você faz com seus traumas e complexos? Você se deixa manifestar através deles? Sim. Mas sabe quando isso não acontece? Quando você se conscientiza (ou tenta se conscientizar) das suas atitudes, da sua forma de agir, de se relacionar. Infelizmente temos que fazer essa auto-análise (mesmo que porcamente - e sim, estou cheia dos parenteses) porque enquanto não fizermos isso vamos continuar andando e falando e fazendo coisas à esmo, de qualquer jeito, sem se ver, sem ver o outro, sem enxergar o Ser Humano que tem na sua frente. E não, você não está sozinho no mundo. Parece que o fato de vivermos em Sociedade não alterou muito a nossa ideia de individualidade, que está totalmente deturpada! Nós somos sós, mas somos responsáveis por quem está a nossa volta sim! As pessoas não podem sair por aí cativando e invadindo outras pessoas sem se sentir responsáveis pelo que isso gera no outro!

PORRA ! 


Entendamos isso e com certeza o mundo vai se curar de um grande mal! Do egoísmo ao extremo, do vazio ao extremo, da ganância ao extremo, de todas as porras de extremos que existem!

( Ai, o Fernando... Lindo quando falava 'nada teu exagera ou exclui'! )

Eu to cansada de ser cativada como se fosse um objeto a ser conquistado. E que quando conquistada já não serve pra mais porra nenhuma (e sim, estou cheia de palavrões também! Dá ênfase pro que estou pensando!) porque perdeu a graça... A graça está em conquistar! Filhos da puta egoístas! Não que a gente tenha que ter controle sobre o que vai se passar depois que acontece a conquista de fato. Beleza, conquistou, não deu certo por um motivo ou outro (explícito, de preferência) tudo bem! Agora não é o que eu tenho visto. Conquista, comeu (que deve ser a melhor parte) e vai embora! FILHOS DA PUTA! Devem ser filhos de uma puta mesmo, que não tem a menor consideração pelo que é uma mulher! Pelos sentimentos que tem uma mulher! Ou será que eles acham que são todas umas putas?!

E outra! Não que comer (eu quero ser xula um pouco que nem as atitudes desses filhos da puta) seja ruim ou má da parte dos homens! As vezes eu também quero só alguém casualmente mesmo! Ter uma noite e não ligar nunca mais! Tchau e benção! Mas não precisam ter palavras afetuosas, nem olhares, nem conversas que te envolvam em algo a mais que isso! É bem mais simples, os homens ainda não conseguiram entender isso muito bem! Quando é só pra comer, dá umas pegadas, um olhar cafajeste, umas palavras no pé do ouvido, meu querido! E se a mulher não te der um tapa na cara, nem sair te xingando, cai pra dentro! Seus estúpidos! 

Não, não basta se relacionar bem consigo mesmo para se relacionar bem com o outro. Porque tem o outro! Então eu prefiro me relacionar comigo mesma do que gastar energia (já falei isso antes, né?) com esse tipo de merda sem sentido, vazio de qualquer propósito (Aliás... Propósito é o que não falta, agora o nível está lá embaixo!) e ugh! Que nojo. Eu estou sentindo nojo.

Ou o problema sou eu?

...
...
...

Deve ser! Eu tenho que aprender a ser mais filha da puta do que os filhos da puta que eu encontro. E aí eu vou ser tão filha da puta, que não vou considerar qualquer ato ou palavra da pessoa e quem sabe esse tipo de relação não me desgaste tanto... É Júlia... Acorda pro mundo e vê o que ele tem te mostrado!

Mas não! Não vou perder as esperanças... Perder a esperança no Ser Humano e a minha vida acaba! Eu tenho é que considerar o lugar onde me encontro! A não ser que o caso seja mundialmente comum.

Mas fé em Deus e pé na tábua...
Ainda deve existir virtude nesse mundo!

terça-feira, 29 de maio de 2012

Ser uma sonhadora

Das formas de encarar o mundo, dos infinitos prismas pelo qual podemos ver o que está a nossa volta, eu fico com o jeito mais romântico que tiver por aí... E quanto mais enfeitado, mais perfumado, mais gostoso de tocar, de sentir, de viver, mais fácil e agradável fica a passagem por aqui.

Viva a imaginação! Viva transformar tudo de mais vil e cru e sem cor nem tempero sem amor nem compaixão em algo que brilhe muito mais! Viva regredir a realidade! Viva ser salvo pelo sonho! Pelas coisas simples! Pela transmutação! Porque a vida é muito mais do que se apresenta! Muito mais do que acontecimentos concretos, palpáveis, mais do que isso! A vida é o que a gente faz deles, o que a gente aprende com eles, o que a gente muda com eles... A vida não é isso que eu vejo. Não é o que eu toco. Eu crio outra vida. Tenho um universo só meu, minha válvula de escape, minhas cores, meus sons, brincadeiras, percepções. Tenho um tempo que não é o tempo do mundo. Não desse mundo onde pessoas cobram que você seja algo e não alguém, onde o seu valor é medido pelo que você tem e não pelo que você é, pelo que você faz e onde não basta existir e sim produzir! 

Viva a utopia, viva a arte!

                ( VIVA A ARTE! )

( A arte libertadora de espíritos aprisionados por um sistema que não está nem aí para ele! A arte que liberta demônios! A arte que, dentro de toda uma acomodação da população em massa, consegue fazer mudanças! Consegue mudar pensamentos, comportamentos, atitudes. Por refletir, por ser o espelho, por gritar, berrar, esfregar na cara tudo de belo e tudo de mais feio que existe! E até ultrapassa esse conceito do que é belo e do que não é; melhor é dizer que ela traduz todas as formas de existência. Das coisas que conseguimos ver, das coisas que não conseguimos e das que não queremos! )

Eu não quero o sujo. E isso não significa ignorar o que é sujo. É só que eu preciso desse filtro para transformar toda essa sujeira em algo que valha. Porque senão eu morro... Morro... Morr... Mor... Mo... M... ...

E enquanto eu estiver viva, eu quero me sentir como tal! E se para isso eu preciso de certos ajustes em acontecimentos que não me agradam, tudo bem. Tudo bem mesmo! A vida sem isso seria muito chata, muito séria, muito grave. 

Eu quero ouvir meu coração. 
A pureza da voz que sai de lá sem antes passar pela nossa razão condicionada fria calculista chata dopante eca! 
Eu quero ser feliz! 

Eu quero ser... 
Agora!
Para sempre!
Amém!


Desabafo escrito em absoluto êxtase depois de ver o filme 'Dançando no escuro' pela segunda vez depois de doze anos. 
Absolutamente comovida. Como vida. Com vida. 

Feliz dia para quem é


Feliz dia para quem é
O igual do dia,
E no exterior azul que vê
Simples confia!


Azul do céu faz pena a quem
Não pode ser
Na alma um azul do céu também
Com que viver


Ah, e se o verde com que estão
Os montes quedos
Pudesse haver no coração
E em seus segredos!


Mas vejo quem devia estar
Igual do dia
Insciente e sem querer passar.
Ah, a ironia


De só sentir a terra e o céu
Tão belo ser
Quem de si sente que perdeu
A alma p’ra os ter!

Fernando Pessoa

terça-feira, 3 de abril de 2012

De volta

Há tanto tempo sem meus desabafos, tanto tempo sem precisar muito deles... Mas fica aquele espaço querendo aflorar, querendo expelir, querendo palavras! Mas talvez as palavras se tornaram pensamentos e dos mais calmos e serenos possíveis. Há muito tempo não me sentia tão tranquila, sem ansiedades, sem necessidades de alto padrão lá longe da minha realidade, ultimamente tenho estado no melhor lugar do mundo: aqui. Às vezes um pouco no passado, um pouco no futuro... Mas volto tão rápido que não sinto nem cosquinha!

2012 está sendo um ano introspectivo, focado (apesar de ainda ter resquício de certos impulsos, mas nada comparado há um ano atrás), com uma sensação de estar conseguindo construir alguma coisa que ainda é um esboço, mas ter a certeza de estar caminhando é sensacional! E ver o Universo tomando providências para algumas coisas tomarem rumo é lindo demais. Eu sempre tive a certeza de que certas coisas estão além do nosso alcance e não adianta fugir, não adianta se desesperar nem ter pressa, tem coisas que são colocadas pra nós pelo Universo e que só ele tem a competência de resolver.

O que tenho estranhado mais é a minha introspecção. (Leonina introspectiva, dá pra imaginar?) Muitas (ou quase todas) pessoas queridas longe de mim. E sem a minha necessidade natural de expandir qualquer pensamento, acontecimento ou loucura, tenho ficado cada vez mais próxima de mim mesma. E o que tem sido ótimo! Uma das piores sensações que já senti é me olhar no espelho e não reconhecer o que estou vendo. Ver só um corpo distante, vagando, dependendo de coisas externas e não encontrando forças e vontades dentro dele próprio, aonde reside as respostas e tudo que ele precisa pra viver bem! O meu bem-estar não está em ninguém, em nada, está aqui dentro. E quando consigo enxergar isso, a minha relação com as coisas externas se modifica, cresce pra melhor, considerando que as coisas passam a não ter o peso de antes, simplesmente porque não necessito delas. Então sai toda a ansiedade, toda a expectativa, tenho encarado tudo com mais naturalidade. E quando falo tudo, é quase tudo. Muita coisa, se eu comparo com seis meses, um ano atrás.

E por estar encarando tudo ao meu redor diferente do que era antes, tenho me afastado de muita coisa, porque ao mesmo tempo me trouxe uma certa intolerância. Não consigo mais admitir estar em um lugar que não quero, com quem não faz questão de estar comigo, não consigo mais o 'estar por estar'. Ou é visceral ou não é. Não é mesmo! Não é nada! Ou tem vontade ou não é nada. Porque estou cansada das coisas sem vontade! Eu prefiro o silêncio da minha solidão do que qualquer coisa que não seja do coração. Quero sentir coisas de verdade, não quero coisas por convenção, por amarras do tempo e da experiência. O que passou, se teve sentido e não tem mais, que a gente aceite isso e não fique tentando resgatar qualquer coisa que há tempos atrás fazia sentido! Porque não faz mais. E isso faz parte da sequência dos acontecimentos, faz parte da nossa vida. E não que as coisas sejam descartáveis por isso. Simplesmente, como tudo na vida, ela nascem, crescem e morrem. Enfim. Não quero mais nada que não seja do âmago. E se estou pedindo demais, paciência até encontrar algo que seja verdeiro! E eu sei que já tenho pessoas especiais demais na minha vida, mesmo que longe, que me fazem ver o que é uma relação de verdade. E elas me bastam. Mas tem espaço pra muito mais! Por infusão. Que chegue, invada, transcorra, me deixe sem capas, sem máscaras, que me veja por dentro. E só o tempo pra dizer se aquilo vai permanecer ou vai passar... E qualquer uma das alternativas estão de bom tamanho! Tudo está no seu tempo, tudo acontece na sua hora. Acho que somos deveras presunçosos de achar que podemos guardar a sete chaves alguma coisa enquanto tudo que nos permeia é efêmero.

"... Melhor se guarda o voo de um pássaro do que um pássaro sem voos."

Devaneios a parte, quero estar mais presente nesse espaço, quero registrar essas coisas que passam aqui que não são nada, mas podem ser alguma coisa algum dia, quem sabe.

Rir!

Ao escambal a alegria comedida. Comezinha. Ao escambal a conveniência dos salões. Ao escambal o sorriso amarelo, polido, conveniente: um sorriso NUNCA deve ser amarelo. O homem não nasceu pra saia justa. O homem nasceu para a gargalhada visceral, intestina, que corrói o sono dos ditadores.
O homem não nasceu para a convivência encascada e hipócrita daqueles que não sabem dizer – e viver ! – a Verdade. Não nasceu para a fosca mediocridade das palavras que não prestam.
As pessoas graves, sérias e bem compostas morrem em vida. Se tornam seus próprios bustos. O riso, ao contrário, brota das fontes mais originárias ,mais essenciais da liberdade humana. Quem ri transcende as determinações do inexorável e inflexível destino e olha os deuses no centro do olho.
Sejamos incoerentes. Sejamos irracionais. Sejamos insensatos:
O homem, diz o poeta Heine, só é verdadeiro homem quando brinca. E quando ri.
Sorria e, uma vez sorrindo, há de ser tudo da lei !

Lucas Muniz