Há tanta beleza no mundo, que as vezes me sufoca. Até o que não é belo, tem a sua contemplação. Tem o seu por que, seus motivos, observar isso é compensador. O sorriso de quem poderia não ter razão para tal, mas consegue diante de tanto sofrer, algo para se alegrar... talvez o fato de viver, de ter saúde, não se desiludir, qual o motivo da sua felicidade? Inúmeros... Mas acho que ver os acontecimentos terrenos como algo de menor valor e perceber que há algo maior, mais belo, algo insubstancial, inefável... Talvez isso baste para um sorriso.
Acho que me precipito ao dizer que seja de menor valor... Pensando melhor, há de se ter o equilíbrio entre o que é substancial e o que não é. Os dois têm o seu valor e acho que merecem a sua devida importância.
A cada verso que eu leio, a cada filme que eu vejo, de grandes pensadores, idealizadores, sinto como se preenchesse minha alma. É o encaixe perfeito para concluir ou dar continuidade a pensamentos, sentimentos que ficam vagando, sem chegar em algum ponto, e ficam inacabados, incompletos, me deixando as vezes em crises existenciais. Quanto que se aprende sobre formas diferentes de analisar a vida, como ela é, as formas de se viver, de reagir e encarar seus encantos e desencantos; sobre como se dão as relações humanas... Isso tudo me fascina! Lógico que mais do que lendo livros e vendo filmes, é se vivendo que aprendemos de fato. Mas são ótimas fontes de inspiração!
Tenho agora em minhas mãos dois belíssimos livros: Crime e Castigo e um em especial, Lavoura Arcaica; e acabo de ler o discurso mais belo sobre o tempo, que nunca tinha visto antes na vida. Não me recordo, por sinal, de ter lido muitos autores falando sobre esse paradoxo, mas posso citar alguns.
A Viviane Mosé; que encaixa uma poesia bacana nesse trecho que acabo de ler! Uma peça que fui sobre Santo Agostinho; não lembro bem da idéia, mas acho que tinha uma dualidade entre o tempo correr em linha reta, ou ciclicamente. E falava sobre o tempo ser imensurável. O passado não existe, o futuro também não. O que resta é o agora, que não é mais agora e assim por diante... E nessa linha de raciocínio entra o instante-já da Clarice Lispector. Viver o instante-já, sem remorsos do passado, sem expectativa do futuro. Não viver uma vida de ilusão, abrir os olhos e dar valor pro que se tem agora. Conseguir isso é ter sabedoria.
Conseguir isso e tudo que eu acabo de ler no Lavoura Arcaica. Bem resumido, o autor fala, belissimamente, sobre dar tempo ao tempo, respeitar o fluxo, a ordem natural das coisas. Estamos sempre querendo dar um passo mais largo que as pernas, quando na verdade, o tempo é que vai se encarregar de dar ordem às coisas. Foram minutos capturando deliciosas palavras, num fluxo delicioso, que a partir desse momento quero incorporar em mim para sempre. Sinto que todas aquelas sábias palavras me levarão para um grau de compreensão de vida, além. É mais um passo para uma forma saudável de maturidade... Consciente, alerta, paciente. E perceber isso me dá uma leveza, uma tranquilidade, um amor à vida, ao que ela oferece e o tanto que tem para dar.
Temos tanto pra aprender...
O texto na íntegra. E uma palhinha...
"(...) só é rico o homem que aprendeu, piedoso e humilde , a conviver com o tempo, aproximando-se dele com ternura, não contrariando suas disposições, não se rebelando contra o seu curso, não irritando sua corrente, estando atento para o seu fluxo, brindando-o antes com sabedoria para receber dele os favores e não a sua ira; (...)"
Mais pera ai!!
ResponderExcluirEu não sabia que vc tinha blog, aquela vez que te perguntei achei que eram só os da Cíntia!! ahahaha Adorei!
Admito que não li tudo, tô meio caindo de sono, mas vi nos tráfegos do meu link vindo daqui!
Adorei!! Já estou te seguindo!
=)